Recebi um mail, do presidente da Confederação do Turismo de Portugal alertando-me para um erro num artigo publicado aqui com o título “Portugal Numérico”, que contém um valor que não corresponde ao que a CTP e várias fontes consideram como o da alegada perda diária pela não construção do novo aeroporto. O valor foi tirado de uma origem não confirmada e estava largamente errado. Não tenho problemas em assumir a minha humanidade e os consequentes erros associados a esta natureza.

O facto desse valor estar errado não me leva a alterar os princípios que defendo no artigo. Os valores tidos por correctos são propostos pela CNN  ou pelo JORNAL DE NEGÓCIOS . No primeiro caso 3,1 milhões / dia e no segundo 4,9 milhões / dia. Em nenhum dos casos são explicados pelo que não sabemos se estes valores correspondem ao putativo acréscimo de facturação, ao hipotético valor acrescentado (“lucro”) se inclui a amortização do novo aeroporto e em caso afirmativo em que moldes.

De qualquer modo, se dermos por bons os valores estatísticos da PORDATA, um turista “consome” em média menos de 70€ / dia, logo 4,9 milhões de euros daria um acréscimo de 70.000 turistas por dia. Segundo notícia de 3 de janeiro Portugal recebeu 30 milhões de turistas em 2023. O triplo da população residente. Com esse possível acréscimo esse valor quase duplicaria. Mesmo assumindo deslizes, estamos a falar de um aumento que não temos capacidade para encaixar. Das infraestruturas básicas (o acréscimo de consumo de água, a sua imputação aos esgotos e consequentes estações de tratamento, a energia) à saúde, onde não temos capacidade de resposta para a população actual, à carência de mão-de-obra, que teria de ser “importada”, com o aumento da pressão na habitação todos os factores não correm a favor de se abrir esta arca de pandora. Naturalmente que este investimento implica mais dívida que, mesmo decrescendo em percentagem do PIB, não deixa de subir. Deixei para último a questão ambiental. É vontade da comunidade eliminar voos com menos de 600 km, pelo que o turismo via Espanha ficará logo reduzido ao rodoviário ou ao ferroviário, esta sim a infraestrutura de transporte em que urge investir.

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