Francisco Rodrigues Dos Santos mostra uma maturidade política de que o país tinha saudades. No debate de sexta-feira lembrou a importância do compromisso que os líderes assumem com os cidadãos eleitores e fez isso, sobretudo, de duas maneiras.

Primeiro, explicou claramente que um voto no PSD não é necessariamente um voto contra a esquerda e contra António Costa. No momento em que Rui Rio admite a possibilidade de apoiar um governo minoritário do PS, Francisco Rodrigues dos Santos garante que ninguém contará com ele para viabilizar governos ou quaisquer arranjos com o PS; que um reforço do CDS é a maneira mais eficaz de dar ao PSD a possibilidade de evitar um governo de bloco central, e que um voto no CDS será sempre um voto à direita.

Não é pouco. Pelas razões que se conhecem e, já que falamos nisso, vale a pena parar num outro aspecto: António Costa não quer aliar-se com o PSD, e muito menos aceitaria um acordo em que o primeiro-ministro não fosse ele; ainda assim, Rui Rio não se importa de imaginar que seria primeiro-ministro de um governo que ficaria na dependência do PS. E foi por essa razão que o Rui Rio não quis fazer uma coligação pré-eleitoral com Francisco Rodrigues dos Santos.

Rui Rio não vê o PS como o principal problema do país, o opositor de todas as reformas de que Portugal precisa urgentemente. Rui Rio não percebe que o país está exactamente como o PS quer que esteja, e por esse motivo considera admissível manter a influência decisiva do PS no próximo governo.

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Esta posição é tudo o que o CDS não quer, é tudo o que o CDS recusa, com toda a clareza, e é contra ela que o CDS se apresenta a eleições, comprometendo-se abertamente perante os cidadãos.

Por fim, Francisco Rodrigues dos Santos aproveitou a discussão sobre a Eutanásia para explicar a Rui Rio que os portugueses não votam na consciência dos deputados: votam no cumprimento dos compromissos eleitorais.

E Rui Rio acabou o debate reconhecendo que tinha à sua frente um parceiro sólido e leal, quando disse aos “seus” eleitores que votassem no CDS no caso de estarem zangados com ele. É uma recomendação estranha? Sim, muito estranha. Líderes atípicos para novos tempos.

Só o dr. Cotrim é que não percebeu. Acabou o debate com Francisco Rodrigues dos Santos já muito irritado, declarando que entre ele e o CDS não era possível negociar. Com dois anos e pouco de Parlamento já se considera uma excelência da pátria e ainda se acha tão arejado que está disposto a integrar um governo com o PAN. No entender do dr. Cotrim, existem extremistas bons.