A mutualização da dívida é o tema que mais afasta os dois europeístas convictos que encabeçam as listas dos principais partidos políticos às europeias. Assis diz que quer ir para Bruxelas bater-se por isso e Paulo Rangel afirma que ele está tão sozinho, que nem a sua própria família política, os socialistas europeus, o vão apoiar. Uma diferença de fundo que tenta esconder o consenso em quase todas as restantes matérias europeias. Exceto mais uma: a permanência de Durão Barroso nas instituições europeias como possível presidente do Conselho Europeu.

O último debate da campanha eleitoral, organizado pelo Observador no Porto, serviu para Assis e Rangel marcarem a diferença mais vincada: a mutualização da dívida. Ainda sem data para avançar na Europa e tenho surgido como uma medida de urgência perante as crescentes dívidas soberanas – ou seja agregar num fundo comum as dívidas acima dos 60% do PIB dos vários países europeus.

“Olhamos para a questão da dívida na perspetiva de encontrarmos resoluções para esses problemas que nos coloquem numa rota de crescimento económico”, apontou Assis, sublinhando que ao contrário do eurodeputado do PSD, considera que mutualização da dívida “tem de ser viável”.

“Não só dizemos que não é viável, como dizemos que não estão reunidas as condições para a mutualização”, reiterou Paulo Rangel. O cabeça de lista da Aliança Portugal defende que as contas públicas não de Portugal, mas de outros países, ainda não estão “num nível em que possam passar à mutualização”. “O PS está sozinho nisto”, acusou Rangel que aproveitou para criticar o programa apresentado por António José Seguro no sábado por ser “de um eleitoralismo excessivo e verdadeiramente despudorado”.

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Quando se debatia a relevância de ter um comissário forte na próxima Comissão e a possível saída de Durão Barroso para a presidência do Conselho, o comentário de Assis foi elucidativo: “Não vejo nenhuma vantagem para que Durão Barroso continue a exercer qualquer função de primeira responsabilidade no espaço europeu”.

A pressão da imigração ilegal

Quanto a outro problema às portas da Europa, a imigração ilegal, o candidato socialista diz que se vai bater por maior partilha de responsabilidade sobre esta matéria com os países do Norte da Europa, já que os encargos da chegada de imigrantes oriundos do continente africano e do Médio Oriente de forma ilícita recai sobre os países “mais débeis para acolher estas pessoas”. Rangel diz que a política de imigração tem de ser “exigente” e que não se pode acolher todos os imigrantes. Para levar a cabo esta política europeia, o candidato da coligação PSD/CDS-PP sugeriu a criação de “uma guarda-costeira, como uma força para-militar ou mesmo um embrião de uma união de Defesa”.

Quanto ao possível aumento de forças de extrema-direita no próximo Parlamento Europeu, os candidatos lamentam. Rangel considera que as restantes forças políticas devem ser “intransigentes” para partidos como a Frente Nacional em França ou o UKIP no Reino Unido e Francisco Assis não aceita “qualquer tipo de contacto” ou entendimento com partidos com raízes xenófobas. Quanto aos eurocéticos, há mais abertura, defendendo Rangel possíveis entendimentos com o partido conservador britânico ou a Alternativa para a Alemanha. Assis lembrou que a Europa “há-de avançar devido ao debate com eurocéticos”. “Já se tentou ir depressa demais e isso teve consequências negativas”, sublinhou o socialista.

A Ucrânia, que se tem virado para a Europa em busca de soluções para resolver a crise interna e com a Rússia, não pode ser, para os dois candidatos, uma segunda Turquia em termos de integração europeias. Paulo Rangel defende “um modelo político ocidental para a Ucrânia” porque o país tem “um interesse vital para a Europa”, mas avisa não se devem cometer os mesmo erros. Já Assis diz que deve haver “uma dupla preocupação” de não só “reforçar a relação politica e comercial com a Ucrânia”, mas “manter uma relação com a Rússia em que seja respeitada a integridade da Ucrânia”.