Nem chega a meia hora. É entrar na estação, sentar-se num comboio, sair de Amesterdão e chegar ao aeroporto de Schiphol. Foi isso que Zilla van den Born fez, em abril, acompanhada pelos pais. Chegados ao aeroporto, era altura das despedidas. Aos 25 anos, a estudante de design ia partir rumo à Ásia, para viajar sozinha e durante um mês pelo Laos, a Tailândia e o Cambodja. Uns abraços e uns beijos depois, os pais lá a deixaram. Acontece que Zilla nunca partiu. Mas ninguém soube.

Pouco depois, a holandesa voltou a apanhar um comboio e regressou a Amesterdão. Aí, começou a aventura. Nos 42 dias seguintes, a estudante passou a maior parte do seu tempo em casa, a tirar fotografias e a juntá-las a imagens que encontrava na Internet de alguns locais do sudeste asiático, usando o Photoshop, um programa informático de edição de imagem.

Rodeada de peixes enquanto nadava no mar, a acenar no meio de uma praia exótica, a meditar ao lado de um monge budista ou a comer num restaurante tailandês. Zilla até ‘mascarou’ a própria casa e deu-lhe a suposta aparência de um hotel asiático. Foi este tipo de imagens que a holandesa foi enviando aos pais e partilhando com os amigos nas redes sociais (Facebook e Instagram). Todos acreditaram. Aos pais, aliás, até chegou a enviar um postal, no qual deu conta do seu paradeiro. E fez tudo isto em Amesterdão.

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Nunca saiu da capital holandesa e conseguiu enganar tudo e todos, exceto o namorado, cúmplice nesta ‘farsa’ planeada. Mas porquê? Primeiro, devido a um projeto para a universidade. “A inspiração veio da combinação das minhas duas grandes paixões: as viagens e a manipulação fotográfica”, explicou, citada pelo site Buzzfeed.

Depois, a segunda razão. E talvez a mais importante. “Fiz isto para mostrar às pessoas que podemos filtrar e manipular o que publicamos nas redes sociais, que podemos criar um mundo online ao qual a realidade não corresponde”, revelou.

Em suma, Zilla tinha o objetivo de “provar o quão normal e fácil é distorcer a realidade”. E mais: “Toda a gente sabe que as fotografias de modelos são manipuladas, mas é comum ignorarem o facto de que manipulamos também a realidade nas nossas vidas.” Agora, a estudante holandesa admite que não voltaria a fazer a mesma experiência, pois “subestimou por completo” o impacto que teve na vida” das “pessoas que [a] rodeiam”.

Quando decidiu terminar a experiência, Zilla mostrou à família e amigos alguns vídeos de como conseguira a façanha de os enganar durante tanto tempo e filmou as suas reações, que se dividiram entre risos e estupefação. Se algum dia quiser fazer algo semelhante, peça a Zilla van den Born alguns conselhos.