João Magueijo acedeu falar com os jornalistas britânicos sobre o primeiro livro que escreveu em português “Bifes mal passados”, lançado em julho pela editora Gradiva, mas de pouco serviu. “Os jornalistas ingleses escreveram o artigo antes de fazerem a investigação”, acusa o físico português. Ao Observador explica que independentemente do que diga o resultado é o mesmo. “Não leram o livro, mas têm uma história para contar que não tem nada a ver com o livro, e contam-na na mesma.” Naturalmente, o autor sabia que poderia criar reações negativas: “Quem escreve o que eu escrevi não está à espera de amor universal.” Mas não sente qualquer necessidade de se justificar.

Esta segunda-feira o Observador divulgou as publicações de jornais britânicos – The Sunday Times e Telegraph – onde se realçavam as referências que João Magueijo fez à ingestão desregrada de álcool e à violência que acompanha esses momentos no “anti-livro de viagens”, que reúne uma série de aventuras do português em terras de Sua Majestade. Os excertos escolhidos pelos jornais motivaram alguns leitores a referir-se aos hábitos de consumo de álcool em Portugal ou a fazerem referência à crise económica, tanto nas respetivas páginas de internet como nas páginas do Facebook. Muitos portugueses receiam serem prejudicados e dizem não se rever no que é dito no livro. Outros concordam totalmente com o professor de Física no Imperial College, em Londres.

Magueijo reforça o objetivo principal do livro: tornar claro que os ingleses têm muitos defeitos e que os portugueses não se devem sentir inferiores a eles. E diz que pouco se importa com as opiniões e comentários: “Quem gosta, gosta. Quem não gosta que ponha na borda do prato.” É um livro de humor, não é um assunto sério. Quando o escreveu, o físico estava confiante de que os ingleses seriam capazes de compreender o humor. Mesmo agora, continua a acreditar que isso vai acontecer, disse ao Mail Online. Ao mesmo jornal afirmou que o livro não será traduzido em inglês porque há partes que se podem perder na tradução.

O Reino Unido tem tanto de maravilhoso como de horroroso. “A Inglaterra com todos os seus problemas, defeitos e maleitas sociais acaba por ser um país interessante.” João Magueijo gosta de viver no país, mas assume que tem de passar uns períodos fora por “razões de saúde mental”. Como agora, que anda por países mediterrânicos, numa viagem já planeada, longe de toda a confusão que agita a imprensa britânica. Embora o Reino Unido seja, nas palavras do físico, um péssimo sítio para passar férias, mostrou-se para ele um ótimo local para trabalhar. É da fealdade que nasce a criatividade.

 

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