Maria Luís Albuquerque dizia cá para fora que a informação que tinha sobre o Banco Espírito Santo era que este não precisava de intervenção do Estado e negou essa mesma intervenção numa reunião com Ricardo Salgado que lhe pediu ajuda através da Caixa geral de Depósitos. Mas ficou preocupada, dois meses antes da queda do banco.

Numa carta enviada ao governador do Banco de Portugal, no feriado de Santo António, revelada hoje pelo Expresso, a ministra agradecia a Carlos Costa a informação que lhe era prestada pelo governador, mas queria saber mais, admitindo o risco de “materialização dos riscos imprevistos no Grupo GES”.

“Agradeço que me seja facultada informação adicional sobre planos de contingência que o Banco de Portugal tenha desenvolvido no caso de se materializarem riscos imprevistos no Grupo BES que possam pôr em causa a estabilidade financeira”, escrevia Maria Luís.

O pedido de informação feito pela ministra foi feito no seguimento de uma reunião entre a governante e Ricardo Salgado. E escrevia isso mesmo na carta. “Tenho vindo a ser contactada por diversos responsáveis no grupo e no banco que me alertaram para eventuais riscos para a estabilidade financeira advenientes dessa situação. Alguns dos potenciais factos geradores desses riscos têm vindo a ser noticiados publicamente. Não obstante, V. Exa tem asseverado, nos nossos múltiplos contactos, que o banco de Portugal identificou e conteve os riscos derivados da atividade não bancária da atividade bancária do grupo BES”.

Mesmo depois desta carta, nas audições no Parlamento em quem foi ouvida, Maria Luis Albuquerque dizia não ter informações de que o banco precisasse de recapitalização pública e remetia explicações para o regulador.

As notícias sobre esta troca de correspondência aparecem horas antes da audição da ministra na comissão de inquérito ao BES, que acontecerá esta tarde na Assembleia da República.

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