No rescaldo do Ano Novo em Xangai ficou uma tragédia que matou 36 pessoas e agora a denúncia que dezenas de pessoas foram interrogadas depois de criticarem a atuação das autoridades na investigação do acidente. De acordo com o jornal South China Morning Post, dezenas de pessoas foram interrogadas pela polícia depois de terem publicado comentários e críticas na Internet sobre a má gestão por parte das autoridades de Xangai.

O trágico incidente, que ocorreu numa praça da concorrida zona do “Bund”, a marginal neoclássica da cidade, onde milhares de pessoas, a maioria jovens, se preparavam para celebrar a entrada no novo ano, resultou em 36 mortos e em 49 feridos.

A medida de pressão da opinião pública deve-se à necessidade de “conter os rumores e manter a ordem social”, afirmou um responsável da polícia, cujo nome não foi publicado, em declarações ao jornal de Hong Kong.

“Não se podem eliminar todos os comentários negativos ou informações falsas, mas os interrogatórios foram feitos em jeito de advertência aos cibernautas pouco ‘amigáveis'”, disse a mesma fonte.

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Os interrogatórios ocorrem numa altura em que familiares das vítimas — alguns dos quais muito críticos das autoridades — e governo local negoceiam indemnizações.

A polícia da metrópole chinesa admitiu não ter previsto tão elevado número de pessoas, o que levou a tivesse adotado menos medidas de prevenção e de controlo de multidões face a passagens de ano anteriores.

A fonte policial citada pelo South China Morning Post afirmou esperar que alguns dos responsáveis pelos corpos de segurança de Xangai sejam destituídos dos cargos por causa das falhas.

A imprensa oficial chinesa revelou, no sábado, que a lista de vítimas mortais inclui um cidadão de Taiwan e outro da Malásia.

Trezes pessoas continuam hospitalizadas, das quais quatro em estado crítico.

A debandada em Xangai começou a ser tema alvo da censura pelas autoridades da metrópole chinesa que limitaram acesso por parte dos familiares das vítimas aos ‘media’ estrangeiros, segundo avançou, na edição de sábado, o South China Morning Post. De acordo com o jornal, o departamento de propaganda do Partido Comunista da China emitiu ainda várias notificações dirigidas aos meios de comunicação locais, em que proíbe a utilização de fotografias em que sejam mostradas homenagens às vítimas, e também orientações sobre a forma de obter informação sobre o acidente, cujas causas ainda estão a ser alvo de investigação.