A falta de compromisso dos colaboradores e a ausência de competências de liderança é o que mais preocupa os líderes empresariais e de recursos humanos, diz um estudo divulgado esta quarta-feira pela Deloitte. A maioria dos líderes revelou que está a ter dificuldade em reduzir a tensão no local de trabalho, lê-se no “Tendências Globais do Capital Humano 2015: Liderar no Novo Mundo do Trabalho”.

Cerca de 87% dos 3.300 líderes inquiridos em 106 países revelaram que a falta de compromisso dos colaboradores é o principal desafio com que se deparam e a maioria confessa que não está a desenvolver ações para corrigir esta cultura.

“Os trabalhadores estão a adquirir maior mobilidade, flexibilidade e autonomia, tornando-se, como resultado, mais difíceis de gerir e de alcançar. Neste novo mundo do trabalho, as organizações precisam de reinventar a forma como gerem as pessoas e de criar ideias novas e ‘fora da caixa’ para torná-las relevantes”, afirmou Josh Bersin, diretor e fundador da Bersin by Deloitte.  

Em 2014, o número de líderes que considerou o compromisso como um dos fatores mais importantes na organização duplicou de 26% para 50%. Contudo, apenas 12% afirmaram ter um programa preparado para combater esse desafio.

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A falta de competências de liderança é a preocupação que se segue, com 86% dos inquiridos a afirmar que esta é uma questão prioritária para o crescimento do negócio. A formação e o desenvolvimento dos colaboradores também são prioridades para 85% dos líderes empresariais. É o terceiro tema mais criticado no estudo.

Estão em curso mudanças significativas no mundo do trabalho que as empresas precisam de gerir de forma ativa”, explicou Brett Walsh, líder global da área de Human Capital da Deloitte, para quem as competências necessárias para que os colaboradores possam exercer as suas funções estão a mudar, mais rapidamente do que nunca.

“As organizações estão a ficar para trás no desenvolvimento das competências necessárias, a todos os níveis. Há uma necessidade urgente de as organizações reavaliarem os seus programas de formação e de encararem a aposta na liderança como um investimento de longo prazo”, disse Brett Walsh.

Tensão e complexidade no local de trabalho

Há outro fator a preocupar os líderes das empresas: a tensão e complexidade que se vive no local de trabalho. São cerca de 66% os inquiridos do estudo que acreditam que os seus colaboradores estão “saturados” com o ambiente que se vive no local de trabalho.

Para outros 74%, a complexidade na empresa é um problema importante. Contudo, 25% dos inquiridos avançou que não tem um programa de simplificação para implementar na empresa. “Criar um compromisso e apoiar os colaboradores requer, nos dias de hoje, um novo pensamento, focado na forma como o trabalho é organizado“, disse Josh Bersin.

A organização do trabalho e as competências que os colaboradores precisam para terem sucesso é outro dos desafios. Em causa, está o poder cognitivo dos computadores, ou seja, a computação cognitiva – sistemas que aprendem e interagem com as pessoas para alargar o que as pessoas ou as máquinas poderiam fazer sozinhos.

Neste caso, 58% dos líderes revelou que é preciso “redefinir o trabalho com a computação como talento”. Josh Bersin avançou que existe a necessidade de redefinir o local de trabalho para integrar tecnologia.

“As organizações globais dos dias de hoje devem navegar num ‘novo mundo do trabalho’ – um que exija uma mudança dramática nas estratégias de liderança, talento e recursos humanos. Neste novo mundo, as barreiras entre o trabalho e a vida foram eliminadas. os empregados estão sempre ‘on’ – hiper conectados aos seus trabalhos através de tecnologia móvel persuasiva”, lê-se no estudo.