A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) poderá reunir-se de emergência, possivelmente já em março, para decidir o que fazer perante a contínua queda dos preços da matéria-prima. A cotação já desceu para pouco mais de 30 dólares por barril esta terça-feira, depois de mais um banco de investimento influente – o Morgan Stanley – ter vindo admitir que o petróleo poderá descer até aos 20 dólares por barril.

O petróleo desceu esta madrugada para 30,40 dólares por barril tanto em Londres como em Nova Iorque. Mas a cotação recuperou um pouco, para os 31 dólares, com uma informação transmitida pelo ministro nigeriano do petróleo. Emmanuel Kachikwu confidenciou que alguns membros da OPEP estão a pedir uma antecipação da reunião de junho. Além disso, revelou que já tem havido “negociações informais” com outros países produtores que não pertencem à OPEP, incluindo a Rússia, para que esses países acompanhem qualquer corte da produção que venha a ser decidido. Sem isso, os países da OPEP irão sentir-se inibidos em avançar, sozinhos, com um corte da produção para tentar fazer subir os preços.

“Teremos, sem dúvida, de ter uma reunião da OPEP”, explicou o nigeriano, notando que antes de se iniciarem quaisquer negociações formais com outros produtores tem de haver uma posição coordenada no cartel petrolífero. O responsável acrescentou que a quebra recente dos preços do petróleo não surpreende a OPEP, que já esperava que isso acontecesse depois da decisão anunciada em dezembro. Kachikwu reconheceu que os preços baixos estão a penalizar os países, até mesmo a Arábia Saudita – o país mais poderoso do cartel.

Eis um gráfico da Bloomberg que mostra a evolução do preço do crude negociado em Londres, nos últimos dois anos.

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“Com os receios sobre o abrandamento na China, a expectativa de consumo desta matéria-prima tem caído drasticamente, levando os investidores a acreditar numa subida considerável dos stocks, que por sua vez leva o preço a ter estas quedas”, explica Pedro Ricardo Santos, gestor da corretora XTB Portugal, em nota enviada aos clientes esta manhã.

Um dos impactos mais diretos do petróleo em queda brusca é sobre as empresas petrolíferas. “Isso mesmo tem sido evidente, por exemplo, na evolução da cotação da Galp, tendo já algumas casas de investimento reduzido os seus preços-alvo para a companhia, uma vez que os preços de breakeven para os projetos da empresa se situam acima dos 35 dólares. Ou seja, quaisquer valores do ativo abaixo desta fasquia pressionam os resultados da petrolífera nacional”, acrescenta Pedro Ricardo Santos.

As ações da Galp estão hoje a subir ligeiramente – 0,14% para 9,364 euros – depois de terem fechado em queda em todas as sessões bolsistas até ao momento neste ano.