As declarações do presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, já fizeram surgir protestos entre os partidos políticos portugueses. O líder parlamentar e presidente do PS, Carlos César, atacou fortemente Dijsselbloem, em declarações ao Observador, dizendo que “este é o tipo de criatura que não faz falta na União Europeia”. O PS vai apresentar um voto de condenação, bem como o Bloco de Esquerda, mas exigindo um pedido de desculpa ao Governo holandês que está em funções e em que Dijsselbloem é ministro das Finanças.

“Não se pode gastar em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda”, diz presidente do Eurogrupo

Ao exigirem que seja o Governo, e não Dijsselbloem, a pedir desculpas, os socialista pretendem elevar este incidente mesmo ao nível diplomático. Em causa estão declarações do ministro das Finanças holandês — que dificilmente integrará o próximo governo e por isso deve sair da presidência do Eurogrupo — numa entrevista em que considerou a “solidariedade muito importante”. “Mas quem a exige, também tem obrigações. Não pode gastar o dinheiro todo em álcool e mulheres e, de seguida, pedir ajuda”.

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Se é verdade que Jeroen Dijsselbloem não se refere diretamente aos países do sul da Europa, também o é que se refere aos países que exigem solidariedade e que essa tem vindo sobretudo dos países do sul.

Também o Bloco de Esquerda fez questão de condenar as declarações do responsável e vai apresentar um voto na Assembleia da República nesse sentido, contra as palavras que Jeroen Dijsselbloem não só mantém, como diz que não são infelizes.

“As declarações que fez são absolutamente inaceitáveis pelo grau de preconceito que demonstram, de racismo, de xenofobia, de sexismo também”, afirmou a deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires.

“A mensagem é clara e tinha como destino todos os países da zona euro”

Questionada sobre as explicações de Dijsselbloem sobre os destinatários da mensagem — que eram afinal todos os países da zona euro e não apenas os países do sul — Isabel Pires afirmou que isso não invalida que “as declarações foram feitas” e que estas “têm um objetivo, como aliás as políticas que o próprio Eurogrupo enquanto ele o liderou sempre teve”.

“Foram os países do sul que foram mais abrangidos pelas políticas de austeridade. O povo português sabe bem aquilo que sofreu com as políticas da troika, muito impulsionadas pelo presidente do Eurogrupo, portanto achamos que são ainda assim inaceitáveis e que a Assembleia da República deve repudiar estas declarações, deve exigir que se retrate dessas declarações”, disse a deputada bloquista.

Artigo atualizado às 19h50, com a informação relativa ao voto de condenação do PS