Passava da meia-noite em Al Hoceima, uma das cidades mais pobres e isoladas de Marrocos, quando a polícia confiscou o pescado de Mouhcine Fikri. O homem de 31 anos carregava metade de uma tonelada de peixe-espada que a polícia despejou para dentro de um camião do lixo. Fikri ainda tentou recuperar o peixe ao subir para cima do camião e, nesse momento, a maquinaria do camião foi ligada impediu-o de sair. Acabou por morrer esmagado. Tudo isto aconteceu em outubro. Agora, meses depois, o conflito escalou na região.

Manifestações, repressão, intervenções militares e troca de acusações – a população da região de Rife desafia o governo ao culpar os deputados por marginalizarem a zona e deixarem os habitantes morrer à fome. Por sua vez, o governo acusa a população separatista de servir os interesses dos países inimigos de Marrocos.

As imagens são explícitas e podem transtornar leitores mais sensíveis.

Quase todos os dias há manifestações pacíficas em Al Hoceima, mas o governo de Rabat ameaça agora intervir militarmente por acreditar que o que se está a acontecer em Rife é uma ameaça à segurança interna.

A situação é em tudo semelhante à que provocou a Primavera Árabe. Em ambos os casos morreu um vendedor ambulante; na Tunísia foi Mohamed Bouazizi, um vendedor de fruta que morreu queimado quando a polícia confiscou a fruta que vendia. Na altura, a morte de Bouazizi provocou uma onda de protestos da parte de alguns países árabes e a situações escalou para conflitos civis e golpes de estado, como o de Hosni Mubarak no Egito.

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