Se dependesse da vontade de Donald Trump, as respostas do presidente dos Estados Unidos ao procurador Robert Mueller, que investiga a eventual ingerência russa nas eleições americanas que elegeram o milionário, eram dadas de imediato. “Mal posso esperar por isso, na verdade”, disse esta quarta-feira Trump a um grupo de jornalistas que se encontrou com o seu chefe de gabinete na Casa Branca. Mas esse depoimento — que o presidente norte-americano admite prestar sob juramento — não depende apenas de uma vontade pessoal.

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A posição de Trump é esta: “Não houve qualquer tipo de acordo secreto” com autoridades russas para orientar o voto dos eleitores norte-americanos em qualquer direção e “não há qualquer obstrução” à investigação judicial a uma eventual ingerência russa” nas eleições de outubro de 2016, garantiu o presidente dos EUA. “E estou ansioso” por prestar declarações ao procurador Robert Mueller, admitiu Donald Trump.

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“Eu fá-lo-ia sob juramento, fá-lo-ia, sim”, garantiu o milionário eleito presidente. Mas, para que isso aconteça, é preciso que as equipa de advogados que presta assessoria ao presidente norte-americano dê luz verde a esse depoimento. “Ainda que estivesse a falar à pressa antes de partir para Davos, ele continua comprometido com uma contínua e absoluta cooperação” com a investigação e “está ansioso para falar com o senhor Mueller”, disse aos jornalistas Ty Coob.

Mais do que uma simples investigação judicial, Robert Mueller tem em mãos um verdadeiro monstro diplomático que envolve o presidente dos Estados Unidos e elementos da equipa que contribuíram para a sua eleição, de um lado, e autoridades russas que possam ter tido intervenção no decurso das eleições norte-americanas, do outro lado.

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É no âmbito dessa investigação que o procurador pretende ouvir Trump. O modelo desse encontro está a ser discutido entre os advogados do presidente e a Justiça, mas as dúvidas não se esgotam no plano formal. Esta quinta-feira, o britânico Telegraph (ligação sujeita a subscrição) explora as questões que o procurador pode apresentar a Donald Trump e as razões por que os seus representantes legais devem estar preocupados — desde logo porque, no decurso da investigação, às dúvidas sobre uma possível ingerência nas eleições juntaram-se suspeitas de eventuais obstruções à Justiça.

A sustentar essa suspeita está, à cabeça, o afastamento de Michael Flynn da Agência Nacional de Segurança e a demissão do ex-diretor do FBI James Comey. “Não há obstrução”, vai garantindo Trump.