Josh Shapiro é o procurador distrital da Pensilvânia e é igualmente a mais recente pedra no sapato da Uber. Na passada semana, Shapiro apresentou um processo à empresa de transportes, que apesar de ter afastado o anterior CEO, Travis Kalanick, continua envolvida em polémicas.

Desta vez, a Uber é acusada de, após ter tido conhecimento do ataque de que os seus servidores foram alvo, não ter reportado essa invasão às autoridades, como é obrigatório por lei. De acordo com a queixa, os hackers acederam às informações de 25 milhões de clientes, apenas nos EUA, onde 4,1 milhões eram condutores ao serviço da empresa californiana.

No processo, o procurador da Pensilvânia defende que o comportamento da Uber não esteve de acordo com várias leis que visam proteger os dados dos clientes, uma vez que estes deveriam ter sido avisados em tempo útil. Segundo Josh Shapiro, após ter tido conhecimento do roubo de informação de que foi alvo, em 2016, a Uber só informou o público em Novembro de 2017.

Em vez de cumprir com a sua obrigação, a companhia americana de transportes optou por pagar 100.000 dólares aos hackers que invadiram o seu sistema informático para apagarem os ficheiros roubados e não divulgarem o roubo de informação. Este tipo de situações são hoje em dia tão frequentes que levaram já a que o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, criasse uma equipa especializada em cibersegurança, para tratar rapidamente deste tipo de invasões, garantindo que todas as regras são cumpridas.

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Mais rápida nos camiões

Se a Uber se tem revelado lenta na participação às autoridades das violações de dados dos seus clientes, tem sido bem mais célere no desenvolvimento dos seus camiões autónomos, a cargo da Otto, empresa que adquiriu e que também já lhe valeu lutas em tribunal, quando foi acusada de ser cúmplice no roubo de informação à Waymo, a empresa da Google especializada em condução autónoma.

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Depois de ter batalhado com a Direcção-Geral de Transportes da Califórnia, em relação aos testes de carros autónomos que estava a levar a cabo – na altura com os Volvo XC90 – de forma ilegal, por não possuir a devida autorização, a Uber rumou ao Arizona. As leis mais permissivas deste Estado americano permitiram continuar o trabalho de desenvolvimento, não só nos veículos ligeiros, como também nos pesados, os camiões da Otto.

A Uber anunciou já que o transporte de carga em veículos pesados passou a uma nova fase, com estes a deslocarem-se com um responsável a bordo, mas não sentado ao volante. Contudo, a acreditar nas palavras de Alden Woodrow, o responsável pelos veículos sem condutor da empresa, o objectivo da Uber é que os seus camiões autónomos assegurem o transporte de carga entre determinados entrepostos, e exclusivamente em auto-estrada ou vias rápidas. Assim, os contentores dos barcos ou comboios seriam colocados nos camiões da Uber, que os transportariam em longas distâncias até entrepostos próprios à entrada das grandes cidades, onde a carga seria deslocada para camiões convencionais, que tratassem da distribuição por estradas normais e meios urbanos. É uma proposta interessante, mas que representa um forte downsizing face ao projecto inicial, o que pode ter a ver com a impossibilidade de recorrer aos dados que os técnicos que fundaram a Otto, saídos da Waymo, roubaram a esta divisão da Google.

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