Frederico Varandas foi o primeiro a anunciar a candidatura, foi o primeiro a apresentar a equipa, foi o primeiro a divulgar o seu programa, foi o primeiro a oficializar a entrega das listas e foi também o primeiro a cortar a meta depois de uma longa maratona que, para si, durou cerca de três meses e meio. Mas esse acabou por ser talvez um dos resultados mais expetáveis dentro de muitos outros que acabaram por surpreender em mais uma longa eleitoral do Sporting em Alvalade.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os três grandes vencedores das eleições

Frederico Varandas. Correu o risco ao assumir poucos dias depois da derrota na final da Taça de Portugal que saía da chefia do departamento clínico do Sporting e que estava disponível para um novo projeto para o clube, numa altura em que o cenário de uma eventual Assembleia Geral Extraordinária para destituição do Conselho Diretivo estava longe de acontecer e que Bruno de Carvalho, mesmo tendo cada vez menos apoio, prometia ser um adversário muito complicado de contornar numas eleições. E correu um risco ao apontar baterias a Ricciardi logo no primeiro debate a sete por causa do BES. No entanto, com mais ou menos dificuldades, foi conseguindo aguentar a vantagem por ter arrancado primeiro e conseguiu uma percentagem de votos muito interessante e inesperada num cenário de seis candidatos, outro recorde batido no clube.

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João Benedito. Teve o mérito de entrar numa campanha que prometia ser longa e pesada sem qualquer máquina de comunicação mesmo sabendo que poderia perder terreno com isso. Teve a coragem de, perante contextos que poderiam ser interessantes a nível de corrida eleitoral, recusar qualquer tipo de apoio exterior caso isso obrigasse a cedências nomeadamente em lugares da próxima estrutura da SAD. Perdeu na percentagem de votos, ganhou no número total de votantes. Resultado? Com aquilo que conseguiu, confirmou uma frase que se ia ouvindo na campanha: “Vai ser presidente, não se sabe é quando”.

Frederico Varandas com mais votos, João Benedito com mais votantes: os resultados das eleições do Sporting

Sócios do Sporting. Depois de tudo o que se passou nos últimos meses, em algumas situações episódios sem precedentes na sua história centenária, os associados verde e brancos compareceram em massa para sufragarem o sucessor de Bruno de Carvalho na presidência do clube. E mesmo nas horas de maior afluência, de manhã, onde a espera chegou a ser acima de uma hora, não houve desmobilização. Antes pelo contrário, de tal forma que o número de votantes apenas em Alvalade, por si só, já chegava para bater o recorde das eleições mais participadas de sempre (confirmado pelos votos por correspondência).

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os três grandes derrotados das eleições

José Maria Ricciardi. Começou com uma campanha assente nas entrevistas e nos debates, depois virou o foco para as redes sociais e para a aproximação aos sócios. Pelo meio, foi tendo um discurso sempre assenta na experiência, na liderança e numa “diabolização” da situação financeira do clube e da SAD que exigia medidas urgentes apenas ao alcance de quem tivesse algum peso no meio. Na última semana, teve um erro que o acabou por enganar, ao seguir uma sondagem feita pela sua candidatura que lhe daria 28% dos votos e 33% a João Benedito. Mudou o foco dos ataques nos debates, perdeu o enfoque no nicho onde ainda poderia ganhar votos e teve um resultado que simboliza também uma viragem com o passado (14,55%).

“Não houve sequer uma única alteração de voz entre 20 mil que passaram por Alvalade”, destaca Marta Soares

Dias Ferreira. A fasquia já partia elevada, depois dos 16,5% que tinha conseguido nas eleições de 2011, que terminou no terceiro lugar. E a certa altura até deu ideia de estar a subir nas intenções de voto, não tanto pelos debates mas pela própria dinâmica da campanha. No final, acabou com uma percentagem de apenas 2,35%. Ou, se quisermos abordar por outra perspetiva, teve apenas 526 sócios a votar na sua lista entre os 22.400 que marcaram presença no ato. Hoje pode pensar-se no efeito adverso de alguns fatores: a conferência com Carlos Vieira, as intervenções nos debates, até a própria questão do voto útil. Ainda assim, nada que levasse a números tão baixos de alguém que tinha por inerência um nicho para alargar no eleitorado.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Rui Jorge Rego. Se é certo que a expressão de Fernando Tavares Pereira deveria ser sempre diminuta, pela concentração de sócios votantes em Lisboa e nos arredores, a verdade é que Rui Jorge Rego, até pela própria postura que foi tendo nos debates e nas entrevistas, parecia estar a conseguiu criar uma votação longe dos lugares cimeiros mas que lhe pudesse dar algo mais para eventualmente explorar no futuro. Não conseguiu, ou falhou de forma rotunda, e acabou por ter apenas 98 sócios a votarem no seu projeto contra 445 brancos e 88 nulos. Fosse pelo modelo que queria implementar na SAD, fosse pela aposta em Roberto Carlos ou Paulo Lopo, a mensagem não só não passou como teve um rotundo chumbo.

A comoção de Bessone Basto, a gratidão de Ferro Rodrigues e a certeza de Sousa Cintra. No Sporting, quase todos querem união