“O presidente dos socialistas portugueses bate todos os recordes de nepotismo”, escreveu na terça-feira o espanhol ABC, cuja análise se junta à notícia publicada no final de março no El País — jornal que a 25 de março se dedicou a explorar as relações familiares no governo de António Costa. Agora, o foco da notícia prende-se na presença de familiares de Carlos César na estrutura socialista: “O seu primo, a sua esposa, o seu filho, a sua nora e o seu irmão ocupam cargos políticos no organograma nacional e regional das ilhas dos Açores, de onde Carlos César é oriundo”.

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Na peça, o ABC enumera as diferentes funções dos familiares do presidente do PS, começando pelo primo Francisco Fernandes Gil, que foi nomeado para a administração da empresa pública Navegação Aérea de Portugal (NAV) em 2016.

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O envolvimento de Carlos César na nomeação — que foi proposta por Pedro Marques, então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, e por Mário Centeno, ministro das Finanças, e ratificada por António Costa — já foi, entretanto, desmentida pelo próprio líder parlamentar do PS. Além de ter assegurado que Francisco Fernandes Gil é seu primo em 5º grau, Carlos César negou qualquer envolvimento na respetiva nomeação.

Carlos César desmente envolvimento na nomeação de primo “em 5º grau” para empresa pública

“O assunto não morre aqui”, continua o ABC, que escreve que toda a família direta de Carlos César, proveniente de Ponta Delgada, nos Açores, está colocada em cargos do Governo regional dos Açores: a esposa Luísa César preside a Casa da Autonomia — com um vencimento de 2.591 euros brutos mensais, como escreveu o Observador em 2017 –, o filho está na estrutura regional do PS (foi eleito), a nora trabalha como adjunta na secretaria do Governo regional (nos governos regionais, as secretarias são equivalentes aos cargos de ministros do Governo da República) e o irmão foi “recrutado pelo ex-ministro da Cultura para o atual Executivo”. O ABC destaca, nestes casos, a falta de concursos públicos.

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O jornal espanhol salienta ainda a justificação dada por Carlos César que, em sua defesa, alegou a “tradição de família” e recordou, inclusive, que tanto o bisavô como a bisavó já tinha sido titulares de cargos políticos.