A campanha socialista para as Europeias voltou a contar com o líder socialista — que nestes últimos dias já não descola de Pedro Marques. António Costa foi a Matosinhos dizer que “votar faz a diferença” e lembrou que nas legislativas de 2015 “teria valido a pena votar e ter dado mais força ao PS para fazer o que fez ao longo destes três anos”. Já Augusto Santos Silva apareceu no mesmo jantar-comício para defender “políticas moderadas” e criticar a “imprudência de dizer que não pagamos a dívida” — na verdade, em 2011 o socialista Pedro Nuno Santos, na altura vice da bancada parlamentar, defendeu que não pagar a dívida podia ser uma opção.

A “geringonça” está na mó debaixo nestas Europeias, em que António Costa tanto valoriza o caminho feito, como assume que se a votação de 2015 tivesse sido mais expressiva no PS, as políticas poderiam ter ido mais longe. Nessa noite eleitoral, os socialistas ficaram em segundo lugar, depois da coligação PSD/CDS, e só as posições conjuntas que Costa assinou com os partidos à esquerda do PS lhe permitiram governar. Agora, três anos e meio depois, o socialista admite que teria sido importante ter “mais força”.

Ainda assim, no jantar-comício no centro de congressos e desportos de Matosinhos, Costa admitiu que “o voto fez a diferença”, dando como exemplos a reposição de pensões e os dois aumentos extraordinários para a função pública, por exemplo. “Isto quer dizer que o voto faz a diferença e que é preciso dar força ao PS para dar continuidade à política de proteção social”, concluiu.

PS e “políticas moderadas”

Santos Silva foi a Matosinhos defender “moderação” nas políticas ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Antes dele tinha discursado o convidado especial da noite, Augusto Santos Silva, dirigente socialista mas também ministro dos Negócios Estrangeiros e um moderado dentro do PS — que no último congresso até participou num debate ideológico, em que do outro lado estava Pedro Nuno Santos, representante da ala mais à esquerda do partido.

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E houve uma tirada do discurso de Santos Silva que lembrou o agora ministro das Infraestruturas, quando defendeu “políticas moderadas” e disse que com o PS “ninguém cometeu a imprudência de dizer que não pagamos a dívida ou que queremos sair do euro ou pôr em causa a União Europeia”. Em 2011, Pedro Nuno Santos disse que não pagar a dívida podia ser uma opção.

Pedro Marques fez um elogio a Assis no início do discurso ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Mas as palavras de Santos Silva assentam sobretudo na crítica aos parceiros da esquerda, que vai tomando conta do discurso político socialista por estes dias. O dirigente e membro do núcleo duro de Costa diz que com o “PS as contas são certas” — e nunca são postas em causa “as regras europeias, nem a nossa pertença à Europa”. Nunca referindo os parceiros pelo nome, o socialista defendeu antes “políticas moderadas, dirigidas a todos”.

Santos Silva também defendeu que o PS venha a “liderar” a “frente progressista à escala europeia que há de triunfar sobre a extrema-direita que quer destruir a Europa”, garantindo que nenhum eurodeputado, “em nome do PS alguma vez dará o seu voto a um partido da extrema direita” no Parlamento Europeu.

Assis teve lugar na mesa principal do jantar, junto a Costa, mas foi mesmo a Matosinhos cumprir os mínimos
ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

O outro discurso da noite foi de Pedro Marques, que escolheu arrancar a sua intervenção com um elogio à presença de Francisco Assis, o seu antecessor como cabeça de lista do PS às Europeias. “Honra-me muito que aqui estejas, é muito importante para nós que aqui estejas porque é um sinal do trabalho do Francisco Assis” e do trabalho que os eurodeputados do PS “fizeram durante cinco anos no Parlamento Europeu”. Recentemente, numa entrevista ao Observador, Assis disse desconhecer “pensamento político” do cabeça de lista escolhido por António Costa para representar o partido nas Europeias.

“Não conheço o pensamento político de Fernando Medina e Pedro Marques”

Assis era esperado na arruada de Santa Catarina, mas acabou por ir apenas ao jantar de Matosinhos. Foi embora antes mesmo de António Costa e Pedro Marques terem saído do pavilhão onde decorreu o jantar socialista.