Vítor Constâncio admite processar Filipe Pinhal, na sequência das declarações do antigo administrador do BCP na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, esta terça-feira. Filipe Pinhal tinha acusado o ex-governador do Banco de Portugal de o ter “corrido”, a si e ao colega de administração Christopher de Beck, depois de os dois terem recusado conceder mais um crédito do BCP a Joe Berardo.

Segundo Pinhal, a recusa aconteceu em agosto de 2007, em plena guerra do poder no banco, e as denúncias contra a sua gestão entregues pelo comendador junto do Banco de Portugal aconteceram pouco tempo depois, tendo culminado com o afastamento do então presidente do BCP e de alguns membros da sua equipa.

Filipe Pinhal: “De 2008 a 2012, o presidente do BCP foi o Sr. Berardo”

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“Pondero processar o Doutor Filipe Pinhal. É uma decisão que ainda não está tomada, porque nem ouvi as declarações, os advogados têm de analisar, mas estou a ponderar”, disse Vítor Constâncio, em declarações à TSF.

Na audição parlamentar desta terça-feira, Filipe Pinhal tinha acusado José Sócrates, Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio de terem sido um “triunvirato” que deu “a bênção para a tomada de controlo do BCP”. Em relação ao Banco de Portugal e ao então governador Vítor Constâncio, considerou o tratamento dado ao caso BCP como “completamente anómalo”.

O “triunvirato”, os ”operacionais” e o papel dos gestores da Caixa. A tese de Pinhal sobre o assalto ao BCP

“Não tenho conhecimento que em qualquer país do mundo fossem chamados os presidentes de dois bancos (Caixa e BPI que eram acionistas do BCP)” para discutir o futuro de um outro banco concorrente. A única explicação que Pinhal disse encontrar para esta atitude do “habitualmente sereno Vítor Constâncio” foi a da “desorientação,” face à execução do chamado assalto ao poder do BCP. “Ainda hoje se me contassem não acreditava”, defendeu Filipe Pinhal.

Segundo Vítor Constâncio, as declarações do ex-gestor do BCP são “calúnias”. “Trata-se de mais uma acusação falsa, sem fundamento e sem factos”, disse ainda.

“O doutor Filipe Pinhal é uma pessoa sem qualquer credibilidade. Foi condenado pelos tribunais criminais e em processos do Banco de Portugal e da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários por crimes cometidos no Banco Comercial Português”, defendeu o antigo governador do Banco de Portugal. Vítor Constâncio volta ao Parlamento na próxima terça-feira.