O Hospital de Campanha do Porto, a funcionar no Super Bock Arena/Pavilhão Rosa Mota desde o mês passado para acolher doentes com Covid-19, vai ser desativado esta semana, uma vez que “os hospitais do Porto voltaram a ganhar capacidade de internamento”, refere a Câmara Municipal em comunicado. A estrutura deste hospital de campanha, no entanto, vai manter-se instalada até 31 de julho, de forma a ser reativada caso exista uma segunda vaga do novo coronavírus ou caso os hospitais da cidade precisem dessa ajuda.

“Se tudo correr como previsto, até sexta-feira os últimos doentes receberão alta e a unidade, que contou com cerca de 300 médicos, enfermeiros e auxiliares em regime de voluntariado, ficará sem internamentos, prevendo-se a sua limpeza, mas não a desmontagem”, acrescenta a autarquia, referindo que se houver uma segunda vaga de Covid-19 ou se os hospitais de Santo António e São João registarem um “número de internamentos perto do limite”, a unidade pode voltar a funcionar “em poucos dias, mantendo-se instalada até 31 de julho”.

Desde o dia 14 de abril, o “Hospital de Campanha Porto.” está disponível para receber doentes com Covid-19 assintomáticos que não têm condições de fazer o isolamento em casa, que têm alguma disfunção de outras doenças não-respiratórias (e que precisem de cuidados médicos básicos) e ainda os que estão na fase de recuperação. Por aqui passaram cerca de 30 doentes, que ocuparam 20% da capacidade instalada numa primeira fase. O hospital tinha disponíveis 320 camas — 170 no primeiro piso e mais 150 no piso inferior — e foi montado pela autarquia, resultando de um protocolo com os dois centros hospitalares da cidade e com a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

Comida servida em plástico, desinfeção em zona neutra e controlada, trocas a cada 3 horas. No interior do Hospital de Campanha do Porto

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Inicialmente, o espaço foi pensado para acolher os idosos de lares da cidade do Porto que tivessem testado negativo no programa de rastreio da Câmara Municipal do Porto. No entanto, e com a disponibilidade da Pousada da Juventude e d o Seminário de Vilar para acolher os idosos, rapidamente se tornou num hospital para acolher doentes Covid-19 encaminhados pelos hospitais. A autarquia diz estar “muito satisfeita com o desenvolvimento do projeto”.

O Hospital de Campanha não foi um ato isolado ou um projeto desgarrado. Ele encaixou num plano que funcionou e que previu o ataque à pandemia de várias formas. A primeira foram as medidas que precocemente tomamos de encerramento de serviços, ainda antes do estado de emergência. A segunda foi termos desde a primeira hora atendido ao principal grupo de risco, os idosos em lares. E, para isso, foi necessário não apenas criar um sistema de rastreio e formação daquelas unidades — mas de 70 na cidade — como a retaguarda, onde o Hospital de Campanha era a nossa segurança”, referiu o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, citado em comunicado.

O município diz ainda não ter apurado todos os custos da operação, mas assegura que “os contratos realizados com fornecedores, como a limpeza, o tratamento de resíduos hospitalares ou refeições, foram todos feitos prevendo a interrupção da atividade e que apenas a parte efetivamente consumida fosse faturada”. A Câmara Municipal acrescenta que tendo em conta que o pavilhão foi cedido gratuitamente pelo concessionário e as camas pelo exército português, “os custos da montagem e funcionamento do hospital não devem ultrapassar o valor dos donativos recebidos através da campanha realizada pela RTP e de transferências bancárias assumidas por mecenas”.