É habitual alguns fabricantes de automóveis agraciarem o Papa com a oferta de um dos seus veículos, mesmo que estes não correspondam exactamente ao perfil do utilizador, pois o Sumo Pontífice trata de lhes dar um digno destino. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Huracán de 610 cv que a Lamborghini deu ao Papa Francisco em 2017 e que, um ano depois, foi leiloado pelo dobro do seu valor, com as receitas a reverterem para a ajuda das populações mais desfavorecidas. Destino diferente terá o Mirai transformado pela Toyota, que a marca japonesa ofereceu ao Santo Padre no passado dia 7 de Outubro. Isto porque o veículo em causa alinha claramente pelas preocupações ambientais de Francisco, pois nada mais emite do que vapor de água, gerando a bordo a electricidade de que necessita para se deslocar com recurso a células de combustível a hidrogénio.

A cerimónia de entrega do novo papamóvel decorreu nas imediações da Igreja de Santa Marta no Colégio Romano, Itália, e mobilizou as principais figuras da Toyota, incluindo o vice-presidente da marca na Europa, o português Miguel Fonseca, e o CEO da filial italiana Mauro Caruccio.

O Mirai oferecido ao Papa é uma das duas unidades que o construtor nipónico transformou, por ocasião da visita de Francisco ao Japão em Novembro passado, com o intuito de cumprir os requisitos exigidos para as aparições públicas do Sumo Pontífice. Como tal, desapareceu o tejadilho a partir do pilar B, para no seu lugar surgir uma espécie de “gaiola” de alta segurança em vidro, que permite ao Santo Padre viajar de pé.

Branco, a cor de eleição de todos os papamóveis, o Mirai transformado possui 5,1 m de comprimento, mas passa a atingir uma altura de 2,7 m, quando o modelo que lhe serve de base mede 4,9 m de comprimento e 1,5 m de altura. O “Mirai del Papa” pertence à primeira geração, lançada em 2014 e que deverá ser substituída no final deste ano, com ganhos estéticos e, sobretudo, a nível de autonomia.

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O Mirai de primeira geração, que se comercializou num número reduzido de países europeus, monta à frente do eixo dianteiro um motor eléctrico síncrono de íman permanente, capaz de debitar 154 cv de potência máxima e 335 Nm de binário. É alimentado pela electricidade gerada a bordo com recurso a uma célula de combustível (fuel cell – FC) a hidrogénio, colocada sob os bancos da frente. Mas até que a FC entre em funções, a locomoção é assegurada por um pequeno acumulador de 1,6 kWh de capacidade, também recarregado pela célula de combustível a hidrogénio. Além de movimentar o carro nos primeiros metros, essa pequena bateria de níquel e hidreto metálico apoia a FC na aceleração, se necessário, e armazena a energia produzida nas fases de desaceleração, bem como a produzida pela célula a combustível.

Com os dois tanques de hidrogénio cheios, perfazendo 122,4 litros – um depósito de 60,0 litros sob os bancos traseiros e um outro de 62,4 litros atrás dos encostos dos bancos, logo acima do eixo traseiro – o Mirai anuncia uma autonomia de 550 km (NEDC).

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Esta não é a primeira vez que o Vaticano recebe ofertas para deslocações mais “verdes”. Em 2017, por exemplo, a Opel ofereceu ao Papa um Ampera-e e, mais recentemente, a Daimler contribuiu para as zero emissões com dois Smart ForFour eléctricos.