O clássico teve vários momentos de maior tensão sobretudo durante a segunda parte e que chegaram a envolver não só os jogadores mas também o próprio Jorge Jesus, numa troca de palavras mais acesa com Marchesín dizendo para o guarda-redes portista ir para a sua baliza em vez de estar a protestar, algo que o argentino não gostou apesar de ter sido o próprio técnico a pedir de imediato desculpa. No entanto, no final, tudo esteve calmo. Houve mesmo um abraço forte de Pepe a Jesus ou um cumprimento caloroso entre Darwin Núñez e Sérgio Conceição. Todavia, e entre as intervenções na zona de entrevistas rápidas, os ânimos voltaram a aquecer. 

Grimaldo mostrou o que é personalidade mas a lição de Jesus ficou a meio (a crónica do FC Porto-Benfica)

Nas imagens da Sport TV, mostradas entre a flash interview de Jorge Jesus e a de Sérgio Conceição, foi percetível a discussão entre ambos, com gestos onde o técnico portista parecia dizer que o homólogo benfiquista falava (ou falara) demasiado e o treinador das águias respondia na mesma moeda. No final, e com alguns intervenientes a verem tudo de perto, Conceição foi mesmo separado por Rui Cerqueira, responsável pela comunicação dos azuis e brancos, travando o despique. Ainda assim, ambos acabaram por relativizar o sucedido.

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Sérgio e Jesus “pegaram-se” no final e técnico portista teve de ser separado. “Conversas de futebol, está tudo bem”, disse

“São conversas do futebol mas está tudo bem, é isso”, resumiu Sérgio Conceição na flash interview. “Falo muitas vezes com ele e no final também mas fica obviamente entre nós”, disse depois na conferência, entre algumas “farpas” à análise que tinha sido feita sobre o clássico pelo seu homólogo. “O resto não interessa, são conversas minhas com o Sérgio, só diz respeito a mim e a ele”, referiu Jorge Jesus também na conferência de imprensa. Mas, afinal, o que foi dito naquela curta altercação? E o que vinha de trás para aquela “picardia”?

Sérgio mostrou-se insatisfeito. Com o jogo, com o empate, com o que disse Jesus. “Pode encher o ego a um ou outro, a nós não”

De acordo com o Record (conteúdo fechado), Sérgio Conceição terá chamado “papagaio” a Jorge Jesus, um termo que utilizou também na conferência mas sem revelar o nome do visado (além de uma outra expressão que dizia respeito aos “egos”, com o mesmo destinatário), ao passo que Jorge Jesus acusou Sérgio Conceição de ser “ingrato”. Antes, o treinador portista não tinha gostado nem de algumas indicações que tinham sido dadas pelo benfiquista na sua zona técnica para a equipa e também o benfiquista estava agastado com o portista, por ter revelado numa entrevista ao jornal desportivo no final do ano que ligara ao homólogo após a Supertaça. “Escusas de ligar outra vez!”, terá atirado a esse propósito Jesus a Conceição durante a troca de palavras. Paulo Renato, delegado da Liga, assistiu ao sucedido, restando saber se viu algum tipo de relevância disciplinar no caso.

Não houve “Coronas nem Maregas” e Jesus garante que Benfica foi melhor: mas reconhece que a equipa ainda não tem “os fusíveis todos ligados”

Acrescente-se que este foi apenas o segundo clássico entre ambos desde que Jorge Jesus regressou a Portugal para orientar o Benfica, com o FC Porto a vencer a final da Supertaça por 2-0 no final de dezembro e com um empate no Dragão a contar para a 14.ª jornada do Campeonato. Até ao final da temporada, as equipas vão jogar pelo menos mais uma vez, na 31.ª ronda da Primeira Liga, mas podem cruzar mais duas ocasiões caso se cruzem na final da Taça da Liga (no próximo sábado) e na final da Taça de Portugal (último jogo da época).

Após o encontro, ainda este sábado, os dois clubes comentaram o clássico em perspetivas distintas. “Contra 11 ou dez jogadores, fomos sempre melhores que o FC Porto em quase todos os momentos do jogo (…) Não fomos além de um empate, poderíamos e deveríamos ter ganho. Entristece-nos que não tenhamos somado mais três pontos, pois seria mais do que merecido”, destacou o Benfica na sua newsletter diária, salientando a “raça, a postura e a qualidade da equipa”. “Nos últimos três clássicos com o Benfica, o FC Porto teve duas expulsões. Quem viu os jogos sabe bem que o problema não esteve nas expulsões dos jogadores do FC Porto, está na benevolência com que são ajuizados lances duros ou violentos dos jogadores do Benfica. O jogo foi um exagero e só com um critério muito permissivo foi possível que Pizzi, Nuno Tavares e Vertonghen não fossem expulsos, consequência de um caldo de cultura que historicamente protege os jogadores do Benfica. Não podemos regressar a 2016″, escreveu Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos azuis e brancos, na sua contar oficial no Twitter.

Na mesma rede social, também Otávio, médio portista que ficou de fora do clássico por ter testado positivo à Covid-19, entrou em despique com adeptos do Benfica. “Desde que estás em Portugal viste o Benfica ganhar mais do dobro dos títulos do que o clube onde jogas (11-5)”, disse um desses adeptos, na sequência de uma conversa que começou com o “banho de bola” que os encarnados teriam dado no Dragão. “Quantos [títulos] desde que existe o VAR? Já que sabes de todos os dados antigos…”, respondeu o médio brasileiro dos azuis e brancos.