Um alto funcionário saudita ameaçou a investigadora independente das Nações Unidas para o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, de acordo com o jornal britânico The Guardian, que entrevistou Agnès Callamard.

A relatora especial das Nações Unidas para execuções extrajudiciais, que agora vai ocupar o cargo de secretária-geral da Amnistia Internacional, revela que foi alertada por um colega da ONU, em janeiro do ano passado, para ameaças feitas por um alto funcionário saudita numa reunião nesse mês com outros altos funcionários da organização, em Genebra. O jornal diz ter confirmado o teor dessa conversa de forma independente.

O alto funcionário saudita usou na reunião o eufemismo “taken care of” (“tratar de”, em português), o que foi entendido pelos colegas de Agnès Callamard como uma ameaça de morte, segundo a investigadora. Agnès Callamard publicou um relatório em junho 2019 sobre o assassínio, no ano anterior, do jornalista Jamal Khashoggi, que escrevia regularmente no Washington Post sobre o Governo saudita.

O relatório concluiu que havia “evidência credível” que apontava para a responsabilidade do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e de outros altos funcionários sauditas. Desde então, lembra o The Guardian, a administração Biden divulgou um relatório secreto em que aponta também o dedo ao príncipe herdeiro.

A Arábia Saudita negou sempre qualquer envolvimento no assassínio de Khashoggi no consulado saudita da Turquia.

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