A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu esta quarta-feira em alta as previsões da procura global de petróleo para este ano, tendo em vista melhores expectativas de recuperação económica, especialmente dos Estados Unidos e da China.
No relatório mensal sobre o mercado petrolífero publicado esta quarta-feira, a AIE estima que em 2021 serão consumidos em média 96,7 milhões de barris por dia, mais 230.000 barris por dia do que tinha previsto em março. Depois da queda histórica de 8,7 milhões de barris por dia em 2020, o mundo irá absorver mais 5,7 milhões de barris por dia este ano.
A agência justifica esta correção com as novas perspetivas económicas apresentadas no início deste mês pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que espera um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 6% em 2021 e 4,4% em 2022. Mas a AIE reconhece que existe uma preocupação quanto ao nível de recuperação face ao reaparecimento de casos de Covid-19 na Europa e em outros países grandes consumidores, como o Brasil e a Índia, e que se encontram numa situação epidémica delicada.
A procura global de petróleo bruto aumentou acentuadamente em março, mais 1,7 milhões de barris por dia do que em fevereiro, graças principalmente aos Estados Unidos, que foram responsáveis por três quartos deste valor. A AIE estima que em abril ainda haverá um novo aumento da quantidade de petróleo bruto a entrar no mercado, principalmente dos Estados Unidos e do Brasil.
Ao mesmo tempo, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus parceiros continuam a restringir os fluxos, embora tenham concordado em aumentar progressivamente a oferta a partir de maio com mais 2,1 milhões de barris por dia entre esse mês e julho. Os cortes do grupo de cerca de 8 milhões de barris por dia levaram a uma redução das enormes reservas que se constituíram em todo o mundo no ano passado, quando a procura entrou em colapso na sequência da crise pandémica. Em fevereiro, os stocks dos membros da OCDE caíram 55,8 milhões de barris por dia para 2.977 milhões de barris, ainda 94 milhões de barris acima dos níveis verificados um ano antes.
Os autores do relatório observam que os preços do petróleo desceram dos picos a que chegaram em meados de março e salientam que poderiam voltar a estar sob pressão nos próximos meses, num contexto de aumento do consumo. Mas insistem que não há risco de problemas de abastecimento, considerando que em julho a OPEP e os seus parceiros, embora tenham aumentado as suas contribuições tal como anunciado, terão uma margem de produção excedentária de cerca de seis milhões de barris por dia.