O uso de máscara por pessoas saudáveis durante a prática de atividade física é seguro e não acarreta problemas de saúde para os praticantes, concluem os investigadores do centro médico americano Cleveland Clinic, numa carta publicada na revista científica JAMA Network Open. Os investigadores destacam, no entanto, que deve ser tido em consideração que os praticantes podem ter a sensação de que estão com dificuldade em respirar e isso prejudicar o seu desempenho físico.

Em novembro do ano passado, uma equipa da Universidade de Saskatchewan (Canadá) tinha chegado a uma conclusão semelhante: o uso de máscara não interferia com a prática desportiva, nem com o desempenho do praticante, e tinha a vantagem de reduzir o risco de contágio, especialmente em ginásios e espaços fechados.

Devo usar máscara durante o exercício físico? Investigadores dizem que sim

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O ensaio clínico, conduzido pela equipa da Cleveland Clinic, avaliou 20 adultos não fumadores, aparentemente saudáveis, que praticavam desporto por lazer. Cada um dos participantes teve de fazer três testes de esforço numa passadeira de ginásio: sem máscara, com um máscara de pano e com uma máscara N95 (com maior capacidade de retenção de partículas do que a máscara cirúrgica).

Os investigadores verificaram que os voluntários tinham picos de consumo de oxigénio e de frequência cardíaca mais baixos quando estavam a usar máscara do que sem ela e a principal queixa dos participantes foi a resistência à passagem do ar durante a respiração.

Apesar destas queixas, os parâmetros relacionados com a atividade física estavam dentro dos valores normais e nenhum participante teve de interromper a experiência, o que não descarta que possam ter menos tolerância ao exercício físico intenso quando usam máscara.

Assim, embora seja possível que o uso de máscara exerça alguma limitação física sobre a capacidade de exercício, a importância em termos clínicos dessa possibilidade não é apoiada por estes dados”, escrevem os autores.

Em Portugal, o uso de máscara em espaços públicos é obrigatório desde 27 de outubro e assim continuará a ser, pelo menos, até meados de setembro. Uma das exceções, por exemplo, verifica-se “quando o uso de máscara seja incompatível com a natureza das atividades que as pessoas se encontrem a realizar”. Estas atividades não estão especificadas, mas o exercício físico tem sido considerado uma delas.

A Direção-Geral da Saúde (DGS), por sua vez, é mais concreta: “Em todos os espaços fechados, ou abertos em situações que envolvam proximidade entre pessoas, em cumprimento da legislação em vigor, a utilização correta de máscara adequada é obrigatória para praticantes em situações de não realização de exercício físico ou durante a prática de modalidades sem esforço físico, e apenas quando a utilização de máscara não comprometer a segurança do praticante”.

Por outro lado, autoridade de saúde “dispensa [praticantes] da obrigatoriedade do uso de máscara durante a realização de exercício físico e desporto”, mas recomenda que a distância física entre as pessoas seja maior do que os dois metros de referência, por haver uma maior emissão de partículas com o aumento do ritmo respiratório. A DGS admite, no entanto, que as recomendações internacionais são heterogéneas, com alguns países a obrigar ao uso de máscara mesmo durante a prática de exercício físico.