O aleitamento e a partilha do mesmo espaço de recém-nascidos com mães infetadas pela Covid-19 não levaram a riscos acrescidos para os bebés e nenhum dos infetados precisou de cuidados especiais, conclui um estudo realizado pelo serviço de pediatria do Hospital Garcia de Orta. Este serviço não seguiu as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) em que era recomendado separar a mãe e o filho e descartar o leite materno.

O estudo baseia-se em 77 nascimentos, ocorridos entre abril de 2020 e fevereiro de 2021, com mães infetadas pelo SARS-CoV-2 que realizaram o parto naquele hospital. Segundo a pesquisa publicada na revista Acta Médica Portuguesa, dos bebés que ali nasceram nestas condições apenas quatro testaram positivo entre as primeiras 24 a 48 horas e não foi necessário cuidados especiais para nenhum deles.

João Franco, director do serviço de pediatria do Garcia de Orta e um dos autores do estudo, explicou ao jornal Público que o serviço baseou-se “nos dados que apontavam para uma aparente benignidade da infeção no recém-nascido mesmo quando infetado, na divergência na abordagem que diversas sociedades internacionais tinham sobre esta matéria e na política de humanização do serviço”. Por isso optou-se por “manter o alojamento conjunto desde que a mãe e o bebé tivessem condições clínicas e, com algumas medidas de prevenção de contágio, o aleitamento materno, assumindo que este também teria um papel protetor”.

Esta foi uma decisão do hospital, mas entre abril e maio o estudo registou que 61% das unidades de neonatologia separavam o bebé da mãe e 70% não permitiram o aleitamento materno.

Apesar das medidas diferentes adotadas no Garcia da Orta, as mães infetadas usaram máscara, tiveram uma especial atenção na higienização das mãos, do peito e do abdómen e mantiveram algum afastamento do berço em relação à cama da mãe.

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