(artigo atualizado às 11h40)

A duquesa de Sussex, Meghan Markle, confirmou esta terça-feira durante uma conversa numa cimeira (online e multidisciplinar) organizada pelo The New York Times — a DealBook Online Summit — que tem estado a fazer lobby junto dos membros do Congresso norte-americano para que os Estados Unidos da América aprovem uma licença parental.

A confirmação surge dias após ser conhecido que a duquesa tem telefonado pessoalmente para senadores, sobretudo republicanos. Ao Politico, figuras políticas de ambos os lados relataram ter recebido telefonemas inesperados, com o número de identificação bloqueado. Do outro lado da linha, sempre a mesma apresentação: “Sou a Meghan Markle, a duquesa de Sussex”. Os telefonemas surgem após a carta aberta assinada por Meghan e endereçada ao Congresso.

A senadora republicana Shelley Moore Capito contou que recebeu o telefonema de Meghan no carro, enquanto conduzia. Impossibilitada de perceber quem lhe ligava, atendeu. Capito não faz ideia como é que a duquesa conseguiu o seu número — entretanto, o meio acima citado esclarece que foi a senadora democrata Kirsten Gilibrand quem cedeu os respetivos contactos.

Já a senadora Susan Collins, também ela republicana, estava no ginásio quando o telefone tocou. Apesar de ter ficado “contente” por falar com a mulher do príncipe Harry sobre o tema, disse estar “mais interessada” no que pensam as pessoas do estado do Maine. Mais: “Para minha surpresa, ela ligou-me na minha linha particular e apresentou-se como a Duquesa de Sussex, o que é um pouco irónico”, disse. Ao The Washington Post, um porta-voz dos Sussex garantiu que a duquesa estava a agir a título pessoal.

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Do outro lado do Atlântico, fontes reais citadas pelo The Times garantem que a duquesa está a “usar o seu título fora de contexto” para fazer lobby político e que a “família real não tem voz na política americana”. Uma coisa é fazer campanha sobre questões como “o ambiente e a saúde mental”, outra é “alinhar-se com políticas”.

Meghan Markle recorda infância humilde para defender licença parental em carta aberta

A duquesa e mulher do Príncipe Harry, nascida nos EUA, explicou durante a conversa desta terça-feira que tem telefonado a vários membros do Congresso, tentando sensibilizá-los para a importância da aprovação de uma medida que permita a pais recentes poderem acompanhar os primeiros dias dos filhos sem terem cortes no vencimento. “Pais” no plural porque, como defendeu Meghan Markle, a licença parental “não diz apenas respeito à mãe”.

Os Estados Unidos da América são o único país próspero do mundo sem um programa nacional para licenças parentais, escrevia esta terça-feira a revista The Atlantic na sequência de uma tentativa, aparentemente frustrada, de aprovação desta medida.

No Congresso norte-americano chegou a ser ponderado discutir um projeto-lei que permitisse uma licença parental de 12 semanas, mas o tempo de duração proposto acabou por cair para quatro semanas por “hesitações de uma parte dos democratas moderados” e por “uma resistência total dos republicanos”. Neste momento, não é sequer certo que os EUA venham a ter uma licença parental de quatro semanas.

Em Portugal, por exemplo, a lei estabelece que a mãe “deve gozar 90 dias da sua licença após o parto, sendo que os restantes podem ser utilizados, total ou parcialmente, antes ou depois do parto, fazendo um total de 120 dias pagos a 100%”. Já o pai ” tem direito a 20 dias úteis obrigatórios de licença após o nascimento do/a filho/a”, sendo que “os primeiros cinco dias são seguidos e gozados imediatamente a seguir ao nascimento e os outros 15 têm de ser gozados nas seis semanas após o nascimento, seguidos ou não”. Acresce ainda ao pai o “direito a usufruir de cinco dias úteis facultativos, seguidos ou interpolados, gozados em simultâneo com a mãe”.

“É necessário termos homens fortes e modernos que compreendam”

Na cimeira online organizada pelo The New York Times, a Duquesa de Sussex contou como se têm processado as conversas com membros do Congresso norte-americano: “Simplesmente arranjo o número de telefone, ligo e tenho uma conversa. As pessoas ficam bastante surpreendidas, acho”.

Ainda durante a conversa, Meghan Markle quis vincar e defender que a licença parental “é um daqueles assuntos que não é azul ou vermelho”, uma referência às cores representativas do Partido Democrata e do Partido Republicano. É, isso sim, uma medida que só traz vantagens e que é absolutamente necessária, defendeu, tanto para “o sucesso e crescimento económico” como para “permitir às pessoas terem aquele tempo sagrado para uma família”.

É necessário termos homens fortes e homens modernos que compreendam realmente que também beneficiam disto, porque se não trata apenas de uma licença para a mãe”, defendeu.

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