O Comité Francês de Cultura e Arquitetura aprovou esta quinta-feira as propostas da diocese de Paris, para que as obras de remodelação da catedral de Notre-Dame sejam efetuadas usando elementos modernos, antes da reabertura planeada para 2024.

Após o incêndio que avassalou a igreja, em 16 de abril de 2019, o presidente francês afirmou que iria reconstruí-la “sem alterar uma única viga”. Face a esta promessa, o povo gaulês contribuiu com mais de mil milhões de euros para efetivar a reabilitação do marco histórico.

A diocese propôs a instalação de jogos de luzes que mudam consoante a estação do ano, bancos com rodas que se adaptam a diversas configurações, um sistema sonoro, vidrais contemporâneos e até projeções de vídeo nas paredes.

Serão também colocadas obras de arte do século XX e XXI adjacentes às telas centenárias que já se encontravam em exibição. Juntamente, a comissão aprovou também uma alteração à disposição do tabernáculo, assim como de outros itens (como mobília, por exemplo), de modo a oferecer mais espaço útil aos visitantes.

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O pároco de Notre-Dame, Patrick Chauvet, afirma que as propostas da diocese permitirão uma visita “mais agradável” à catedral, pretendendo criar “um diálogo” entre a arquitetura medieval do monumento e elementos mais contemporâneos.

De acordo com o New York Times, Chauvet anunciou ainda que a entrada dos visitantes será feita pela portada principal — ao invés de, como até agora, através de uma porta lateral. “O objetivo é que os fiéis e os visitantes sejam inundados pela grandeza e pela beleza de Notre-Dame”, explica.

As diversas alterações anunciadas originaram, contudo, uma (não surpreendente) polémica. Críticos das mudanças acreditam que estas irão “desfigurar” a catedral, assim como interferir com a harmonia da arquitetura gótica característica desta.

O jornal francês Le Monde, aponta que as propostas aprovadas esta quinta-feira originaram um conflito entre “defensores do modernismo e ecumenismo, e apologistas de um conservadorismo nostálgico”.

Centenas de intelectuais franceses elaboraram uma carta pública para denunciar os planos da diocese, intitulada “Notre-Dame de Paris: o que o fogo poupou, a diocese quer destruir”, publicada no jornal Le Figaro.

Em jeito de conclusão, Patrick Chauvet reforça que as remodelações apenas servirão para proporcionar uma experiência melhor aos visitantes: “Não pensem que iremos construir uma Disneylândia.”