A associação ambientalista Zero alertou esta quarta-feira para as elevadas emissões de dióxido de carbono (CO2) das centrais de biomassa, considerando que, caso seja essa a finalidade da central do Pego, serão produzidas anualmente 600 mil toneladas de CO2.

Queimar biomassa na central do Pego pode levar no local à produção de um por cento do CO2 de todo o país, diz a Zero em comunicado, defendendo que Portugal deve recorrer a fontes de energia renovável verdadeiramente sustentáveis.

A central termoelétrica (produção de energia a partir do carvão) do Pego, depois da central de Sines, foi desativada no final do ano passado. A produção no local de energia através da biomassa (matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, a madeira por exemplo) é uma das hipóteses mas não é conhecida ainda uma decisão.

Para a Zero, a eventual conversão da central do Pego para biomassa “continua a ser motivo de grande preocupação”, porque irá agravar significativamente a falta de madeira, e porque vai levar a um aumento das emissões de gases com efeito de estufa.

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Nas contas da associação, se for produzida energia com “pellets torrificados” (com origem em resíduos vegetais recolhidos num raio de 60 quilómetros), para obter 512 gigawatts-hora de produção elétrica anual, serão precisas 260 mil toneladas de “pellets”, obtidas de 465 mil toneladas de biomassa vegetal, que exigem à volta de 15.000 viagens de camião.

Numa época em que a emergência climática exige que a Europa tenha ambição e faça uma transição energética para fontes de energia verdadeiramente renováveis de forma a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (…), continuar a apostar numa fonte energética que não é verdadeiramente renovável porque vai colocar na atmosfera carbono que foi sequestrado pela floresta, é um contrassenso, diz a Zero.

O recurso à biomassa, enfatiza a associação, não é, nem será de forma alguma, uma solução renovável para a produção de energia.

No comunicado a associação deixa ainda outro alerta: “Espera-se que o Governo não se esqueça do que referiu em 2019, quando assumiu que vai inverter o sentido de marcha no que diz respeito à estratégia para a biomassa em Portugal, assim como tenha em consideração os compromissos com a Lei de Bases do Clima, recentemente aprovada na Assembleia da República, que é bem clara quanto à descarbonização do sistema eletroprodutor”.