A Federação Russa controla 22% das terras agrícolas ucranianas e a invasão russa ameaça as colheitas deste verão, o que vai agravar a crise alimentar mundial, estimam investigadores da NASA.

O celeiro do mundo está em guerra” e “estamos no primeiro estádio de uma crise alimentar que vai provavelmente afetar todos os países e cada pessoa no mundo de uma certa maneira”, disse Inbal Becker-Reshef, diretora do programa da agência espacial dos EUA para as colheitas.

Segundo imagens de satélite obtidas em 13 de junho, pela missão Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia e analisada por aquele programa, 22% das terras agrícolas da Ucrânia estão sob controlo dos russos no leste e sul do país.

Isto inclui 28% dos cereais de inverno (trigo, cevada e centeio) e 18% da colheita de verão (milho e girassol), avançou a NASA na sua nota.

Antes da invasão russa, em 24 de fevereiro, a Ucrânia representava 46% do óleo de girassol, nove por cento das exportações de trio, 17% de cevada e 12% de trigo, segundo o Departamento da Agricultura dos EUA.

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O período entre julho e outubro é particularmente importante para os agricultores ucranianos, que colhem os cereais de inverno e os plantados na primavera. Os cereais de inverno a colher no próximo ano devem ser semeados antes de novembro.

Mas os agricultores estão desamparados face à escalada dos preços do combustível e dos fertilizantes e à ameaça dos bombardeamentos dos seus campos.

A principal associação de produtores e exportadores ucranianos estima que as colheitas se reduzam em 40% para o trigo e 30% para o milho.

A Ucrânia está também a sofrer um bloqueio naval russo que a impede de exportar as suas colheitas por navio, observou Sergueï Skakoune, investigador da NASA e da Universidade de Maryland.

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O bloqueio do Mar de Azov e dos portos ucranianos no Mar Negro impediu o acesso ao mercado de mais de 25 milhões de grãos (todos os produtos considerados), o que provocou a subida dos preços e a ameaça de fome para milhões de pessoas no mundo.