As polémicas no seio do Governo, com secretários de Estado a criticarem publicamente o ministro da sua pasta e com “casos” sucessivos que geram dúvidas sobre incompatibilidades (nomeadamente, em negócios de familiares de governantes com o Estado), têm-se sucedido a um ritmo inusitado, mas para o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, tudo não passa de “casos e casinhos”.

Em entrevista ao Diário de Notícias, o líder da bancada parlamentar socialista respondeu assim, quando questionado sobre as “confusões” que se têm sucedido no Governo: “Sobre casos e casinhos não tenho grande opinião”.

Inquirido depois sobre se são apenas “casos e casinhos” ou se influenciam a perceção das pessoas sobre a governação, Brilhante Dias respondeu: “Vivemos uma circunstância particularmente crítica e é impossível falar do contexto político em Portugal ou em qualquer outro país da Europa, sem falarmos do contexto de incerteza gerado pela guerra, mas também pela forma como a economia e as sociedades saíram ou estão a sair da pandemia“. Confrontado então sobre em que aspetos a guerra e a pandemia estão relacionadas com as confusões no seio do Governo, apontou:

Cabe à maioria parlamentar e ao Governo procurar conduzir a política de forma a centrarmo-nos nas questões essenciais. É verdade que, de alguma forma, menorizei com a expressão ‘casos e casinhos’, mas isto é para dizer que, no essencial, essas questões não são essenciais, não são programáticas e nem dizem respeito à própria estabilidade da maioria absoluta.”

A tese é esta: os “casos e casinhos” são acessórios e o que importa mesmo é a governação macro do país. Mas o líder parlamentar socialista vai mais longe e insiste numa tese que já defendeu (e que, nomeadamente sobre alguns casos, como o recente de Pedro Nuno Santos, é juridicamente contestada): “No nosso entendimento, nenhum dos membros do governo tem qualquer incompatibilidade”.

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Ainda na entrevista, Eurico Brilhante Dias dá um empurrão ao Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, para uma candidatura a Belém em 2026. Questionado sobre se Santos Silva tem o perfil certo para a Presidência, o deputado lembra que “o PS, e a sua área política em Portugal, há muito que não apresenta um candidato que possa ser vencedor” nas Presidenciais e acrescenta: “Dentro do conjunto de socialistas que tem o perfil, a experiência política no Parlamento, no Governo, em altas funções de representação do Estado, temos mais que um, mas naturalmente Augusto Santos Silva é um deles”.

Se tiver essa vontade e politicamente for considerado adequado, a área política do socialismo democrático teria um bom candidato que teria todas as condições para ser um bom Presidente. Não serei eu a empurrá-lo, mas serei sempre eu a subscrever e a sublinhar que tem todas as condições políticas e experiência para ser um bom candidato e um bom Presidente da República“, acrescentou.

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