A correspondente no Pentágono da Fox News, Jennifer Griffin, avisa, em entrevista à Lusa, que a guerra contra o terrorismo ainda não acabou e que as ramificações estão a “apenas uma viagem curta de barco” da Europa.

A jornalista, que foi correspondente em Jerusalém durante sete anos e meio, durante a Intifada, está em Portugal, a convite da embaixadora dos Estados Unidos, Randi Charno Levine, no âmbito da comemoração da “Women’s History Month”.

“Passei 20 anos no Médio Oriente a trabalhar e, depois de 11 de setembro, passámos muito tempo a concentrar-nos na Al-Qaeda e no terrorismo. Sempre disse que o mundo gostaria de sair do Médio Oriente”, diz, relatando que assistiu a administração após administração norte-americana a “pivotar para a Ásia, para se concentrar na China”, na grande ameaça de concorrência entre potências.

Jennifer Griffin também assistiu a quem tentasse relativizar aquilo que Putin e a Rússia eram capazes de fazer e, como se viu há um ano, a Ucrânia foi invadida, e assim por diante.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Neste momento, preocupa-me que o mundo se esqueça de que há muitas questões por resolver no Médio Oriente”, por exemplo “o Irão está à beira de uma arma nuclear“, sublinha a jornalista veterana que esteve em vários palcos de guerra.

Al Qaeda e Estado Islâmico. O que os distingue

O subsecretário adjunto de política do Pentágono testemunhou na semana passada que o Irão estava a “12 meses” de ter uma arma nuclear em 2018 e agora “faltam 12 dias para a obter”.

“Preocupa-me muito o facto de as tensões serem muito elevadas no Médio Oriente”, insiste, dando o exemplo da recente visita do general Mark Miley à Síria, que foi ver as tropas que ainda estavam lá estacionadas a combater o Estado Islâmico todos os dias.

“Ainda há grandes acampamentos” com mulheres, crianças e as famílias dos combatentes do Estado Islâmico, com dezenas de milhares que não conseguem ser repatriados e que muitos comandantes militares norte-americanos apontam como a “universidade do Estado Islâmico”, refere.

Por exemplo, “neste momento” ninguém sabe o que está a acontecer no país, “sabemos que as crianças não vão à escola, sabemos que os talibãs estão” a levar tudo para a “idade das trevas e que “a Al-Qaeda e o Estado Islâmico estão a reagrupar-se lá”, relata.

Mas nenhum país tem tropas no terreno, há poucos trabalhadores humanitários e a maioria das embaixadas não está abertas, pelo que a informação é pouca sobre o que se passa em Cabul.

“E o que eu vi na minha carreira é que quando temos vácuos e Estados falidos, geralmente temos terrorismo. E, geralmente, quando não estamos a olhar e queremos nos concentrar em outras questões é que os terroristas se aproveitam”, considera Jessica Griffin, que se manifestou “muito preocupada” com a situação.

A luta contra o Estado Islâmico não acabou. A luta contra a Al-Qaeda ainda não terminou, embora os últimos 20 anos tenham sido extremamente eficazes”, prossegue, aludindo às operações que culminaram com a morte do líder destes grupos, entre os quais Bin Laden.

UE renova sanções a Al-Qaeda e Estado Islâmico por mais um ano

Mas, “como sabemos, esses grupos têm metástases”, nomeadamente no Norte de África, aponta Jennifer Griffin. “E o Norte da África é apenas uma viagem de barco muito curta para a Europa”, avisa.

Jennifer Griffin entrou na Fox News Channel (FNC) em outubro de 1999 como correspondente em Jerusalém, sendo que antes disso foi correspondente em Moscovo, onde relatou o que se passava para a Fox News durante três anos.

Desde 2007, Griffin noticia diariamente do Pentágono, onde questiona líderes militares seniores, viaja para zonas de guerra com secretários de Defesa, relatando todos os aspetos militares e as atuais guerras contra os movimentos terroristas Estado Islâmico (ISIS) e Al-Qaeda.