Para a Diocese do Porto, é preciso evitar “critérios subjetivos” no tratamento dos casos de abuso sexual. É desta forma que a diocese liderada pelo bispo D. Manuel Linda vem responder a uma carta aberta, assinada por mais de 400 fiéis, na qual foram feitas críticas quanto às “não decisões, falta de sentido de urgência e de clareza” do bispo do Porto.

Na carta, os fiéis salientaram a necessidade de “urgência” e “transparência”, e questionaram as motivações do bispo do Porto ao não afastar preventivamente quatro dos sete nomes constantes do relatório entregue pela Comissão Independente, remetendo os casos para o Dicastério para a Doutrina da Fé. Numa nota divulgada esta sexta-feira, a diocese contrariou esta leitura dos factos, que, no seu entender, se deve “a uma leitura mais apressada do comunicado do passado dia 24 de março”.

Nele se afirma que “o Bispo do Porto entregou à Procuradoria-Geral da República a lista dos eventuais abusadores, tal como a recebeu da Comissão Independente”. Se foi “tal como a recebeu”, não foram apenas os tais quatro nomes: foram todos!”, argumenta a Diocese do Porto.

A diocese lembrou ainda que, na nota da última semana, anunciou que tinha levado a cabo um inquérito preliminar, e que “recolheu todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes” da lista. “Se é ‘sobre cada um dos nomes lá constantes’, logicamente é sobre todos e não sobre qualquer parte”, defende.

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Bispo do Porto afasta temporariamente três padres que estavam na lista de suspeitos

Anteriormente, D. Manuel Linda tinha ainda anunciado o afastamento temporário de três dos padres, com a decisão a ser tomada na sequência da “investigação interna” às denúncias de abuso descobertas pela Comissão Independente — uma inversão de marcha face à posição original da diocese, que num primeiro momento se tinha recusado a afastar quaisquer padres por “falta de pistas” durante o processo de investigação.

Os signatários da carta, onde se incluem figuras públicas como o apresentador Jorge Gabriel, o chef Hélio Loureiro ou o advogado João Anacoreta Correia, afirmam não poder ignorar “o desconforto” com a atuação do bispo, e a aparente falta de resposta às vítimas. A diocese assegura que as preocupações manifestadas “são as mesmas do Bispo do Porto” e que a prioridade é o apoio às vítimas e a erradicação dos abusos da Igreja Católica, deixando ainda um apelo: “Se os subscritores conhecem as vítimas, em consciência devem indicá-las ao bispo”.

Ainda assim, e embora reconheça que a hora de a justiça atuar é agora, a diocese lança um aviso contra eventuais julgamentos precipitados. “Para que se trate efetivamente de justiça, é necessário que se cumpram as normas do direito e se evitem critérios subjetivos, por mais bem-intencionados que sejam”.

D. Américo Aguiar. Conferência de D. José Ornelas, após reunião de bispos, foi “uma tarde péssima, com danos colaterais na mútua confiança”