A Adidas lançou uma coleção para “homenagear a comunidade LGBTQIA+”, mas rapidamente começou a ser criticada nas redes sociais por colocar um dos novos fatos de banho no corpo de um modelo masculino. As vozes de ativistas que defendem a igualdade das mulheres no desporto foram das que mais se fizeram ouvir, argumentando, entre outras coisas, que as imagens criam expectativas corporais irrealistas para as mulheres.

Sharron Davies, antiga nadadora olímpica e autora de um livro que critica a inclusão de atletas transgénero no desporto feminino, mostrou-se contra o facto de “mais uma vez” um homem ter sido “pago para anunciar um produto amplamente voltado para as mulheres, que têm uma forma física diferente”. No Twitter, com a hashtag “Adidas odeia as mulheres”, afirmou que aquelas que fazem parte da comunidade transgénero têm “necessidades diferentes”, pelo que, defendeu, deveria ser criado um fato de banho específico para elas.

A antiga nadadora Riley Gaines, que também é ativista pelos direitos das mulheres, mostrou-se indignada pelo facto de a Adidas nem sequer mencionar que o fato de banho é “unissexo”, o que acredita ser uma tentativa de “apagar as mulheres”. “Já se perguntaram porque é que dificilmente vemos isto a acontecer no sentido contrário?”, questionou.

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Por sua vez, citada pelo The Telegraph, a atleta britânica de corrida de longa distância e corrida de estrada Mara Yamauchi também defendeu que as marcas estão a “apagar as mulheres”. “Se os homens querem usar roupas que não se adaptam ao género, claro, vão em frente. Mas, se isto é voltado para nadadoras, existem milhares de mulheres maravilhosas e atléticas a quem poderiam ter pago para modelar isto”, criticou.

Ao jornal britânico, a empresa informou que o fato de banho — que tem um custo de 60 euros em Portugal — se encontra a ser vendido ao abrigo do seu sistema de tamanho UniteFit, que é neutro em termos de género, “criado de acordo com diferentes tipos de corpo, formas, tamanhos, em vez de normas e padrões de género”. No site da Adidas em Portugal, o fato de banho encontra-se disponível tanto na secção de mulher, como na de homem. Porém, há uma diferença: no “tamanho padrão” aparecem fotografias do modelo masculino; no “tamanho grande” aparecem imagens de uma modelo mulher.

A nova linha da Adidas, da qual faz parte este fato de banho que é da autoria do designer queer e sul-africano Rich Mnisi, foi lançada como uma “celebração da autoexpressão, da imaginação e da crença inabalável de que o amor une”. Ao criar esta coleção, que é símbolo de “autoaceitação”, o designer disse que pretendia mostrar ao mundo “como é que os aliados LGBTQIA+ [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e o + que envolve todas as diversas possibilidades de orientação sexual e identificação de género que existam ] podem criar um legado de amor”.

O significado de cada uma das letras da sigla LGBTQIA+

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Lésbicas: mulheres que sentem atração (afetiva e/ou sexual) pelo mesmo género;

Gays: homens que sentem atração (afetiva e/ou sexual) pelo mesmo género;

Bissexuais: pessoas que sentem atração por mais do que um género;

Transexuais: pessoas que se identificam com outro género que não o do nascimento;

Queer: pessoas que transitam entre os géneros feminino e masculino ou em outros para os quais a norma binária não se aplica;

Intersexo: pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal não se encaixa na norma binária;

Assexual: pessoas que não têm atração por outras;