Até aos últimos 17 jogos, mais ou menos a coincidir com o início da segunda volta, o Chelsea não estava na sua melhor temporada mas também não tinha um cenário propriamente aterrador: oito vitórias, quatro empates, sete derrotas, lugar a meio da tabela classificativa mas com as suas hipóteses de subir para vagas europeias, a esperança de ser a equipa revelação com mais de 300 milhões de euros investidos só no mercado de inverno. Afinal, nos últimos quatro meses, tudo o que podia ter corrido mal, correu ainda pior e até a lei de Murphy era pouco para escrever a espiral em que o conjunto mergulhou mesmo com uma troca de técnico pelo meio onde o regressado Frank Lampard fez ainda pior (muito pior) do que Graham Potter.

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Olhando para as derradeiras dez partidas, os londrinos tinham somente uma vitória contra seis derrotas entre seis pontos conseguidos em 30 possíveis. Pior que isso, entre maus resultados e péssimas exibições, os blues quase que estavam “obrigados” a abençoar festas e retomas dos outros. Quando o Aston Villa estava a precisar de uma vitória para lugares europeus, jogou com o Chelsea. Quando o Brighton estava a precisar de uma vitória para chegar à sexta posição, jogou com o Chelsea. Quando o Arsenal estava a precisar de uma vitória para corrigir a pior fase da época, jogou com o Chelsea. Quando o Manchester City já nem precisava de uma vitória para ser campeão, jogou com o Chelsea para fazer a festa. Agora, como um mal nunca vem só (e aparece quase todas as semanas), seguia-se o Manchester United… que também tinha objetivo.

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Depois da boa recuperação do Liverpool após a eliminação da Liga dos Campeões, o Newcastle só na última ronda tinha garantido a fase de grupos e os red devils necessitavam ainda de um ponto – sendo que com uma vitória ascendiam de novo à terceira posição atrás do campeão Manchester City e do Arsenal. A cara de Frank Lampard antes do intervalo dizia tudo e Erik ten Hag seguia descansado para a última jornada a fazer toda a gestão que quisesse para a final da Taça de Inglaterra no primeiro fim de semana de junho. Quando se pensa que o Chelsea pode ainda fazer algo para travar esta série, o resultado torna-se ainda pior…

O jogo começou com uma tendência acentuada de ter fases mais “partidas” a permitir transições para ambas as equipas e com o Chelsea a ter de lutar sobretudo com um adversário chamado… Chelsea. Ou era Mudryk que sozinho na área a ter apenas de desviar para a baliza após cruzamento de Hall acertava mal na bola, ou era Conor Gallagher a querer chutar de pé esquerdo e a escorregar dando um toque na bola com o outro pé, ou era a série de passes errados quando a equipa conseguia entrar no último terço contrário. Pelo meio, e na primeira oportunidade, o Manchester United marcou e mais uma vez com Casemiro a assumir o papel de goleador após um livre lateral de Luke Shaw, desviado de cabeça sem hipóteses para Kepa (6′). A única coisa que corria mal nem tinha propriamente a ver diretamente com os londrinos, com Antony a sofrer uma lesão que pode ser grave na zona do tornozelo e que o coloca em risco para a final da Taça de Inglaterra.

A seguir, voltou a aparecer o Chelsea no ataque. Com Havertz em posição privilegiada a desviar de cabeça na área ao lado (32′), com Gallagher a ter também mais uma boa oportunidade após assistência de Madueke (45′). Golos, nada. Pelo menos na baliza de David de Gea porque bastou Jadon Sancho surgir com espaço na direita (Rashford quando entrou foi para o lado esquerdo, com o inglês a explorar o flanco contrário) para cruzar rasteiro para o desvio na pequena área de Martial em cima do intervalo para o 2-0 (45+5′).

O Manchester United ainda deu umas “borlas” no segundo tempo, como numa bola 4×3 em que foi tudo bem feito mas o passe de Bruno Fernandes apanhou Rashford um pouco mais à frente para fazer o remate na passada. Ainda assim, e entre uma ou outra intervenção mais apertada de David de Gea, o Chelsea já com João Félix em campo nunca conseguiu aquele golo que permitisse reentrar na partida, vendo assim mais um recorde negativo batido com a 16.ª derrota no Campeonato já na versão Premier League como nunca tinha acontecido. Em relação aos visitados, o regresso à Champions foi mesmo carimbado com uma goleada: Bruno Fernandes fez o 3-0 num penálti ganho pelo próprio após um toque fantástico por entre as pernas de Fofana na área (73′), assistiu Rashford para o 4-0 num lance com mais um erro de Fofana (78′) e o resultado só não foi mais pesado porque o suplente de luxo Garnacho acertou duas vezes na trave antes de João Félix mostrar aos companheiros como se faz numa situação de 4×3 e reduzir para 4-1 (89′).