A maioria PSD/CDS-PP no parlamento da Madeira chumbou esta terça-feira um projeto do PCP para a criação de um Núcleo Museológico da Colonia, um regime de exploração agrícola de génese feudal que vigorou na região até 1977.

“É importante não esquecer este regime de exploração, em que quem trabalhava a terra dava parte significativa, a melhor parte, ao dono da terra”, disse o deputado único comunista, Ricardo Lume, recordando que a colonia explorou o povo madeirense durante séculos.

Na apresentação do projeto, o parlamentar disse que a criação do núcleo museológico é uma forma de contribuir para que as gerações vindouras tenham consciência do passado, lembrando que o regime da colonia só foi abolido em 1977.

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“É necessário não esquecer o que foi a colonia, o regime opressor que foi, e valorizar todos aqueles que na região puseram termo a este regime, a luta dos colonos, a luta dos caseiros”, afirmou.

O diploma do PCP contou com os votos favoráveis do PS, o maior partido da oposição regional (ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo), e do JPP, mas foi rejeitado pela maioria PSD/CDS-PP, que suporta o executivo madeirense em coligação.

A deputada social-democrata Sónia Silva disse que o projeto para a criação do Núcleo Museológico da Colonia é uma “ideia válida, mas irrealizável”, considerando que se trata de um “tema muito específico e pouco estudado”, sendo que os documentos relativos àquele regime são escassos e dispersos.

“Não existe material para criar um espaço físico visitável”, disse, reforçando que, por isso, a iniciativa do PCP é “utópica e desfasada da realidade”.

Já o líder da bancada do CDS-PP, Lopes da Fonseca, defendeu que, em vez de um museu, devia ser feita uma estátua ao antigo presidente do Governo Regional da Madeira Alberto João Jardim (PSD) por ter implementado o decreto legislativo que aboliu o regime da colonia.

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Na sessão plenária, a maioria PSD/CDS-PP rejeitou também um projeto do JPP que recomendava ao Governo Regional dar início ao procedimento de classificação do Quarteirão da Segurança Social da Madeira, no cento do Funchal, por albergar “um dos mais interessantes aglomerados arquitetónicos da cidade”, da autoria do arquiteto Raul Chorão Ramalho.

O diploma contou com o votos a favor do PS e do PCP, mas os partidos da maioria votaram contra, considerando que, apesar do interesse arquitetónico daquele quarteirão, não é necessário proceder à classificação, até porque “não está em causa a sua preservação”.