Quatro horas contam uma história de amor. Foi o tempo que separou a morte de um casal brasileiro centenário, Mamédio Alves Magalhães e Ana Araújo Magalhães, que viveram juntos mais de 80 anos. Acabaram por morrer separados, mas no mesmo dia, na sexta-feira, dia 30 de junho.

Com 100 anos, Ana tinha adoecido e teve de ser internada. Quando Mamédio se apercebeu do estado da mulher, começou a ter problemas, contou uma sobrinha-neta, Ediana Quirino Magalhães, que cuidava do casal, ao Globo.

“Há cinco dias ele ainda estava bem e ela tinha tido uma pneumonia forte, e não tinha muito o que fazer. A partir daquele momento ele não quis mais se alimentar direito. A gente dava-lhe os remédios e ele segurava-os na boca. Isso porque ela estava internada e ele viu ela indo”, relatou Ediana Magalhães, ao órgão de comunicação social brasileiro.

Ana já não se lembrava de muitas coisas, mas havia um nome de que nunca se esquecia, o do marido.

Ele tinha 105 anos, mas ainda falava. Estava lúcido. Ela já não era tão lúcida e só se acalmava quando a gente falava Mamédio. Quando era meio-dia, ela perguntava se a gente lhe tinha dado comida [a Mamédio]. Ela não se lembrava do nome de mais ninguém, só do dele”, recordou a sobrinha-neta.

Como os médicos já não tinham esperança de que Ana melhorasse, optaram por mandá-la para casa, podendo assim ficar perto do marido. Mas Mamédio só piorou: deixou de se alimentar e teve de ir para o hospital, recorda Ediana:

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“Com minha avó não tinha o que fazer. Trouxemo-la para casa, para ficar perto dele. Ele viu o estado dela que só piscava [os olhos] e abria a boca. Ontem [quinta-feira] a gente levou-o para o hospital e o doutor preferiu que ele ficasse para tomar a medicação”.

Mamédio acabou por morrer primeiro do que a mulher, às 4h00, no hospital. Ana morreu na casa do casal às 8h00.

“Na sexta-feira, eram umas 4h00, a gente recebeu a ligação para correr atrás de tudo. Quando foi por volta das 8h, as pessoas que estavam me auxiliando foram dar um banho nela e aí ela ‘foi’ depois desse banho”, contou a sobrinha-neta ao canal Globo.

A história do casal, que nunca teve filhos, mas sempre ajudou a criar as crianças do bairro onde viviam, como Ediana, emocionou a cidade. Por exemplo, a câmara do Paranã — cidade do estado de Tocantins onde viviam — lamentou a morte dos dois e publicou uma nota de pesar solidarizando-se com a dor da família.

Apesar de terem estado mais de 80 anos casados, Ana e Mamédio não batem o recorde do Guinness. O casamento mais longo foi o de Herbert Fisher e Zelmyra Fisher, que estiveram juntos 86 anos e 290 dias: até ao dia 27 de fevereiro de 2011, quando o marido morreu.