O líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, disse esta terça-feira que o PS obteve uma “votação catastrófica” nas eleições regionais de 24 de setembro e afirmou que “faz falta à Madeira um partido que possa ser alternativa”.

“Nós precisamos de ter um partido [na oposição] que tenha alguma consistência. O que é necessário é que o PS ocupe o seu espaço do centro-esquerda e não seja polarizado e radicalizado, porque se entrar nessa linha não é alternativa”, disse, sublinhando que “um partido que é só de protesto, nunca é alternativa a nada”.

Miguel Albuquerque falava à margem de uma visita a uma empresa do ramo têxtil sediada no Caniço, freguesia do concelho da Santa Cruz, na zona leste da ilha, onde se deslocou na qualidade de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP).

É preciso nós termos a noção que esta votação no PS foi uma votação catastrófica, porque o PS teve menos de metade do que os nossos votos [coligação PSD/CDS-PP], ficou reduzido a cerca de um quarto na assembleia, perdeu oito deputados”, disse.

Miguel Albuquerque, indigitado presidente do XIV Governo Regional da Madeira na sequência das eleições de 24 de setembro, reagia assim ao anúncio feito na segunda-feira pelo líder do PS/Madeira, Sérgio Gonçalves, de não se recandidatar à liderança da estrutura regional nas próximas eleições internas, reconhecendo que o partido não cumpriu os objetivos definidos para as legislativas.

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Eleições na Madeira: Líder do PS da Madeira não se recandidata reconhecendo que falhou objetivos

O PS elegeu onze deputados — menos oito em relação às regionais de 2019 —, num ato em que a coligação PSD/CDS-PP venceu, mas ficou a um deputado da maioria absoluta (elegeu 23 num total de 47 de compõem o parlamento regional), tendo sido anunciado, dois dias depois, um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que conseguiu um mandato.

“Porque escolhi”. Albuquerque não justifica preferência pelo PAN, mas admite “acordos pontuais” com a IL

O JPP elegeu cinco representantes e o Chega quatro, enquanto a CDU (PCP/PEV), o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.

Neste momento, faz falta à Madeira um partido que possa ser alternativa. Esta fragmentação de votos na assembleia leva a que haja a necessidade de o principal partido da oposição se recompor, mas isso é um problema que tem a ver com os militantes do PS e apenas com os militantes do PS”, afirmou Miguel Albuquerque.

O líder social-democrata e presidente do Governo Regional desde 2015 considerou ainda que o PS “tem de construir uma alternativa”, com um discurso “centrado junto da maioria da sociedade”.

Esta história de o partido se radicalizar, ser um partido meramente de protesto, isso leva a que o partido desapareça e aconteça o que aconteceu, reduzido quase a um quarto do espetro parlamentar”, alertou.

Miguel Albuquerque reagiu também à posição do líder do PS/Madeira que classificou o PSD de “moribundo” e “obrigado a encontrar muletas para se conseguir manter de pé”, através do acordo de incidência parlamentar com o PAN.

Ele [Sérgio Gonçalves] tem ali um problema na utilização do português, ele usa os adjetivos de uma forma um pouco inconsequente, porque um partido [PSD/CDS-PP] que ganhou 11 concelhos e 52 das 54 freguesias [que compõem a região autónoma], dizer que está moribundo deve estar com um problema de perceção”, afirmou.

De acordo com o mapa oficial com o resultado das eleições legislativas regionais da Madeira, entre as oito candidaturas que conseguiriam eleger deputados, a coligação PSD/CDS-PP Somos Madeira teve 58.394 votos (44,31%), o PS obteve 28.840 (21,89%), o JPP alcançou 14.933 (11,33%) e o Chega arrecadou 12.029 (9,13%).

Com a eleição de apenas um deputado, a CDU teve 3.677 votos (2,79%), a IL arrecadou 3.555 (2,70%), o PAN obteve 3.046 (2,31%) e o BE conseguiu 3.035 (2,30%).