Cada dia, cada capítulo. Depois de Miguel Oliveira ter abordado mais uma vez, na antecâmara do Grande Prémio da Austrália, a hipótese de rumar à Honda (neste caso falando também da “sua” Aprilia para salientar que qualquer piloto quer sobretudo chegar a uma equipa de fábrica), os meios de comunicação italianos que seguem mais de perto o motociclismo avançaram que o português está no topo da lista de possíveis sucessores de Marc Márquez no conjunto nipónico após a saída confirmada do espanhol para a Gresini onde irá correr com o seu irmão Álex. Mais: avançam mesmo as condições que o número 88 terá pedido.

“O objetivo final de todos os pilotos é estar na equipa principal”: Miguel Oliveira volta a falar da Honda… e de uma subida na Aprilia

Segundo a Sky Italia, Miguel Oliveira é “a opção mais lógica e exequível”. “É um piloto excelente, muito capaz no desenvolvimento da moto e com a personalidade certa para representar as cores de uma equipa como a Honda”, aponta. No entanto, existem obstáculos de acordo com o meio como a exigência de um contrato de três anos para ter estabilidade no projeto e de um “salário alto”, ao nível daquele que recusou quando a KTM fez uma derradeira tentativa de segurá-lo para não rumar à CryptoData RNF. Por isso, existem mais possibilidades nos planos da marca japonesa, nomeadamente Maverick Viñales (que na véspera disse não ter sido contactado por ninguém) ou o próprio Aleix Espargaró, os dois pilotos da equipa de fábrica da Aprilia. Fabio Di Giannantonio, que é nesta altura a peça que caiu no efeito dominó provocado por todas as trocas, também está na lista da Honda… e da própria Aprilia, caso algum dos seus pilotos mude para os nipónicos.

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“Foi apenas uma abordagem mas com nada de concreto”: Miguel confirma contacto da Honda, Aprilia recusa saída do português

Era neste contexto que chegava o Grande Prémio da Austrália no circuito de Phillip Island, traçado onde o português conseguiu ganhar quando estava na KTM em Moto3 (2015) e Moto2 (2017) mas onde nunca foi ao top 10 desde a passagem para o MotoGP: em 2019 falhou a prova, que era a antepenúltima do campeonato, por estar lesionado; em 2020 e 2021 não houve corrida devido à pandemia; no ano passado ficou na 12.ª posição depois da grande vitória conseguida na prova anterior, na Tailândia. Era isso que Miguel Oliveira queria agora mudar, foi isso que Miguel Oliveira ficou longe de mudar – pelo menos nos treinos livres.

Márquez sai, o dominó no paddock começa e há três possíveis Hondas para Miguel Oliveira em 2024 (sempre pela saída do espanhol)

Depois de não passar de um modesto 21.º lugar na primeira sessão realizada esta madrugada mas que ainda assim parece contar cada vez menos para aquilo que os pilotos conseguem nos TL2, o número 88 voltou a não ir além do 20.º registo e falhou a passagem direta à Q2. Mais do que isso, andou muito longe não só dos homens da frente mas até do companheiro de equipa na CryptoData RN, Raúl Fernández (1.29,711 para o português, 1.28,659 para o espanhol que ficou com o 14.º tempo da sessão). As Aprilia de fábrica vão diretas para a Q2, com Maverick Viñales a ser o terceiro mais rápido apenas atrás das duas KTM de Brad Binder e Jack Miller (1.28,212) e Aleix Espargaró a ficar em nono atrás também de Jorge Martín, Pol Espargaró, Marco Bezzecchi, Fabio Di Giannantonio e Enea Bastianini (1.28,453). Johann Zarco fechou o top 10 com 1.28,456, deixando dessa forma Pecco Bagnaia, que voltou à liderança do Mundial, em zona de Q1.

“Foi um pouco estranho. Não tive nenhuma ligação com a moto, especialmente a parte dianteira, ao entrar nas curvas rápidas. Houve muitos movimentos, não houve muita aderência na traseira. Há algo realmente errado na minha ligação com a moto. Não é habitual estar tão fora de ritmo como estava hoje. De manhã pensei que talvez tivesse um pneu mau mas, para ser sincero, mesmo à tarde não me restava muita coisa. Há muita informação para analisar e vamos tentar dar um bom passo em frente amanhã [sábado], especialmente porque temos pouco tempo entre a segunda sessão de treinos e a qualificação. Com a corrida também a acontecer amanhã, temos que estar preparados e encontrar rapidamente a solução”, comentou aos meios da equipa Miguel Oliveira no final do dia, marcado pela notícia de que, devido ao mau tempo, a corrida principal passou para sábado (5h10) e a sprint, caso tenha condições para realizar-se, para domingo (4h).