O exército chinês sublinhou esta quarta-feira que “não vai fazer quaisquer concessões ou compromissos” relativamente a Taiwan, durante uma reunião com representantes da Defesa dos Estados Unidos, em Washington.

Durante a reunião, que faz parte da Mesa de Diálogo de Coordenação da Política de Defesa China – EUA, o general Song Yanchao afirmou que a China “não vai fazer quaisquer concessões ou compromissos” relativamente a Taiwan, exigindo que Washington “respeite o princípio ‘Uma só China'” e “deixe de enviar armas para Taiwan”.

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Song apelou aos Estados Unidos, representados pelo vice-secretário adjunto da Defesa, Michael Chase, para que “não apoiem a independência de Taiwan” e “reduzam a presença militar e as provocações no Mar do Sul da China”, de acordo com um comunicado emitido pelo ministério da Defesa chinês.

“Os EUA devem deixar de apoiar as ações provocatórias de certos países”, afirmou Song, numa referência velada às Filipinas, país com o qual a China tem tido atritos nos últimos meses por causa de águas disputadas.

Song afirmou ainda que Washington deve “reconhecer plenamente a causa dos problemas de segurança marítima e aérea” e “deixar de manipular ou exagerar os problemas”.

A parte chinesa também afirmou que Pequim está disposta a “desenvolver uma relação militar forte e estável” com os Estados Unidos “com base na igualdade e no respeito”, mas sublinhou que Washington deve “levar a sério as preocupações da China”.

Por seu lado, Michael Chase sublinhou “a importância de manter as linhas de comunicação abertas a nível militar” para “evitar que a concorrência entre os dois países se transforme em conflito”, indicou o departamento de Defesa dos EUA, em comunicado.

O Presidente do Conselho de Segurança dos Estados Unidos falou também da importância da segurança em toda a região do Indo-Pacífico e reafirmou que “os Estados Unidos continuarão a voar, navegar e operar de forma segura e responsável sempre que o Direito Internacional o permita”.

“O compromisso dos Estados Unidos para com os nossos aliados no Indo-Pacífico e em todo o mundo continua a ser inabalável”, afirmou.

No que se refere ao Mar do Sul da China, Chase sublinhou “a importância do respeito pela liberdade de navegação em alto mar” e denunciou “o assédio repetido da China às embarcações filipinas que operam legalmente” nessa zona.

Relativamente a Taiwan, Chase reafirmou que os EUA continuam “empenhados” no “reconhecimento do princípio ‘Uma só China'” e sublinhou “a importância da paz e da estabilidade” no Estreito da Formosa.

Formosa mas não segura: Taiwan, uma ilha no limbo

Em dezembro passado, os dois países retomaram o diálogo militar de alto nível, suspenso por Pequim depois de a então Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, ter visitado Taiwan em agosto de 2022, uma viagem que enfureceu as autoridades chinesas.

No final de dezembro, um alto responsável militar chinês realizou uma videoconferência com um homólogo norte-americano, na qual o representante chinês sublinhou que a questão de Taiwan é um “assunto interno” da China que “não admite qualquer interferência externa”.

Conversações militares de alto nível entre China e EUA após um ano de interregno

Os presidentes chinês e norte-americano, Xi Jinping e Joe Biden, respetivamente, acordaram o reinício das conversações militares durante um encontro em novembro passado, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC), em São Francisco.

No domingo, a China anunciou sanções contra cinco empresas norte-americanas por venderem armas a Taiwan, alertando para “uma resposta forte e decisiva” se continuarem a fazê-lo.

A questão de Taiwan continua a ser um dos principais pontos de discórdia entre Pequim e Washington, que, para além de ser o principal fornecedor de armas de Taipé, seria o maior aliado da ilha em caso de invasão pela China.