Pelo menos seis pessoas morreram e mais de uma dezena ficaram feridas esta quarta-feira, o terceiro dia de violentas manifestações antigovernamentais no Haiti, nas quais milhares de pessoas pararam o país e exigiram a demissão do primeiro-ministro Ariel Henry, após 30 meses no poder.

Entre os mortos, estão cinco agentes da Brigada de Segurança das Áreas Protegidas (BSAP), a nova entidade armada que tem escapado ao controlo das autoridades. No mesmo dia, já uma outra pessoa tinha morrido em Ouanaminthe, no nordeste do país: um ataque a uma esquadra de polícia provocou uma musculada retaliação contra os manifestantes.

O tiroteio mortal entre a polícia onde morreram os cinco agentes da BSAP ocorreu na comunidade Laboule de Port-au-Prince, disse à Associated Press (AP) o líder do sindicato policial.

O responsável alegou que os agentes abriram fogo depois de a polícia ter pedido que largassem as armas, o que os levou a disparar.

A AP não conseguiu verificar a informação de forma independente e não conseguiu entrar em contacto com a Brigada de Segurança para Áreas Protegidas.

A divisão ambiental foi recentemente alvo de escrutínio depois de os seus agentes no norte do Haiti terem entrado em confronto com a polícia.

Um agente da polícia, que preferiu não se identificar, disse à AP que não estava no local, mas foi informado pelos envolvidos, e confirmou os tiroteios fatais.

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Já o porta-voz da Polícia Nacional do Haiti, Garry Desrosiers, não respondeu aos pedidos de comentário da AP.

Agentes da polícia foram vistos a rebocar uma carrinha com o nome da brigada e cujo para-brisa estava marcado por vários buracos de bala.

Foram ainda relatados confrontos noutros locais de Port-au-Prince, onde as autoridades disparam gás lacrimogéneo e balas verdadeiras para dispersar a multidão de manifestantes.

Na terça-feira, foram organizados protestos de maior dimensão, no dia em que o ex-líder rebelde Guy Philippe, que desempenhou um papel fundamental na deposição do ex-Presidente Jean-Bertrand Aristide em 2004, fez uma aparição surpresa na capital.

Guy Philippe prometeu estar “nas ruas” na quarta-feira, mas não foi visto em qualquer dos locais.

Os haitianos exigiram que o primeiro-ministro renunciasse até quarta-feira, 7 de fevereiro, data em que os líderes haitianos habitualmente tomam posse.

A data tem também um significado histórico no Haiti: naquele dia, em 1986, o antigo ditador Jean-Claude Duvalier fugiu para França e, em 1991, Jean-Bertrand Aristide, o primeiro presidente democraticamente eleito do Haiti, tomou posse.