O (sub) aproveitamento do aeroporto de Beja marca o debate na região há vários anos e entre o PS e a CDU continua a ser motivo de discórdia. O cabeça de lista socialista no distrito, Nelson Brito, diz que o aeroporto tem “feito o seu caminho” e que até “precisa de ser expandido“. Já João Dias, candidato da CDU, critica “a vontade política de defender os interesses da Vinci”.
O cabeça de lista do PCP/PEV defende que o PS devia ter “revertido” a venda da gestão dos aeroportos para voltar a ficar debaixo da alçada do Estado e diz que “o aeroporto não está esgotado está é subaproveitado” criticando a falta de acessibilidades que se agravaram com “a retirada da variante da ferrovia que passava pelo aeroporto”. Nelson Brito contrapõe ao dizer que a infraestrutura tem crescido e que “precisa de uma valorização mas não pode ser uma alternativa a Lisboa, tem que ser complementar”.
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Para o cabeça de lista do PS “aquilo que for a nova alternativa a Lisboa dá espaço temporal para o aeroporto de Beja crescer, na valência de passageiros”, mas no que toca a outras potencialidades — como a de ser uma base de manutenção — Nelson Brito garante que “uma das lacunas é que tem que aumentar as placas de estacionamento.” E acrescenta: “Está esgotado, não me entendam mal, mas é preciso expandir, na capacidade”. João Dias assegura que há capacidade para “construir 11 hangares nos 80 hectares disponíveis” e provoca o deputado socialista: “Não podemos dizer uma coisa em Lisboa e outra em Beja”. Nelson Brito garante que muitas vezes é visto “como um deputado da oposição, quase”.
Apesar das provocações, o candidato do PS assegura que “os parceiros à esquerda são de confiança e como já disse Pedro Nuno Santos, depois das eleições, o PS sabe onde deve encontrar pontes para garantir estabilidade”, vincando mesmo que “a CDU é efetivamente um dos parceiros à esquerda“. Já o candidato comunista recorda que “o período de maior estabilidade foi entre 2015 e 2019”, durante a geringonça, e que o objetivo é voltar a “dar força ao PCP para poder ter uma correlação de forças diferente na Assembleia da República”.
Agricultura e saúde: sinónimo de desenvolvimento ou de despovoamento?
O setor agrícola foi uma ilustração para João Dias criticar a falta de desenvolvimento da região. Apesar dos beneficios do Alqueva, o candidato da CDU considera que “neste momento não está a servir como devia para combater o défice alimentar” e que a agricultura “está apenas virada para o mercado que hoje é vender azeite, produzir amêndoa e pouco mais”, alertando ainda para o problema da imigração em que “existem trabalhadores explorados e vitimas de empresas de trabalho temporário”.
Esta preocupação com os trabalhadores é partilhada pelo PS que defende um “reforço da integração e das condições de trabalho”. Já quanto ao trabalho no setor primário, Nelson Brito diz que “o Baixo Alentejo vive hoje uma revolução agrícola” e que a agricultura virada para o mercado “coloca mais riqueza na região e torna Beja uma das regiões que mais contribui para o PIB do país e para as exportações”. Para o futuro diz “saber que tem que existir um diálogo com o ministério da Agricultura”, quase como uma assunção de culpa face ao passado.
Na saúde, assumindo também as falhas no passado, o candidato socialista defende o investimento em meios complementares de diagnóstico, como a instalação de um equipamento de ressonância magnética na região — que o candidato da CDU diz ter pressionado para a compra –, mas reconhece que “tem que existir outro patamar de soluções”. Por oposição, João Dias diz que “se o diagnóstico está feito, o prognóstico é reservado” e que o “o acesso à saúde no distrito é bastante calamitoso” com “uma falta de médicos e enfermeiros” sobretudo nos centros de saúde.