Depois do PSOE, é agora vez de o Partido Popular ser visado por suspeitas de crimes em negócios relacionados com a compra de máscaras durante a pandemia de Covid-19. O companheiro de Isabel Díaz Ayuso, uma das mais destacadas figuras do PP e Presidente da Comunidade de Madrid, está a ser acusado de fraude fiscal e falsificação de documentos. Em causa está uma das suas empresas, que terá apresentado faturas de despesas fictícias por serviços que não foram prestados, evitando o pagamento de mais de 350 mil euros ao fisco espanhol, escreve o El País. Perante a polémica, o Presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, já veio pedir a demissão de Ayuso.

A atividade da empresa Maxwell Cremona, do empresário Alberto González (companheiro de Ayuso), terá emitido duas faturas (num valor superior a dois milhões de euros) a uma outra empresa, a FCS Select Products S. L. (com sede em Barcelona e negócios na China), que — durante os anos de 2020 e 2021 — importou máscaras para depois vender ao estado espanhol, apesar de ter atividade registado num outro setor, o das bebidas.

Acontece que essas faturas são fictícias, e não correspondem a nenhum serviço prestado, mas sim a comissões cobradas pela empresa de González para intermediar a importação de máscaras por parte da empresa catalã — que acabaria depois por fornecer máscaras e outros produtos sanitários ao estado espanhol a troco de mais de 260 milhões de euros.

Após dois anos de investigação, a Agência Tributária espanhola exige a devolução do montante que ficou por liquidar, referente ao Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, num valor de 350.951 euros, referente aos tais anos de 2020 e 2021. Para além disso, González está acusado de dois crimes de fraude fiscal e de um outro de falsificação de documentos.

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Em junho de 2022, González comprou um apartamento, com 183 metros quadrados, em Chamberí, um dos bairros mais caros de Madrid. O imóvel tem um valor superior a 1,1 milhões de euros.

Espanha. Escândalo de corrupção ligado à compra de máscaras atinge governo de Sánchez

O caso está já a gerar ondas de choque na política espanhola e serviu para o Presidente do Governo, Pedro Sánchez, pedir, esta quarta-feira, ao líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, que exija a demissão de Ayuso. “Exijo-lhe que peça a demissão da senhora Ayuso como Presidente da Comunidade de Madrid, e que seja corajoso, ainda que isso lhe possa custar o lugar, como [aconteceu] com o senhor Casado”, disse Sánchez, durante uma audiência no Congresso de Deputados, em Madrid.

As declarações do Presidente do governo espanhol foram uma réplica à acusação feita poucos minutos antes por Feijóo, que acusou Sánchez de estar no centro do caso Koldo, que investiga um esquema de corrupção em que um ex-consultor do Ministério da Economia terá cobrado cerca de 10 milhões de euros em comissões em vários contratos para compra de máscaras faciais e material sanitário assinados pelo Estado espanhol e por várias regiões autónomas. Um caso que abala há várias semanas o governo espanhol e pelo menos dois dos seus ministros, tocando diretamente o próprio Sánchez.

Esta não é a primeira vez que Isabel Díaz Ayuso se vê envolvida, ainda que de forma indireta, em polémicas relacionadas com o pagamento de comissões relacionadas com a compra de máscaras. Em fevereiro de 2022, ficou a saber-se que o irmão de Ayuso recebeu dezenas de milhares de euros em comissões ilegais referentes à intermediação da compra de máscaras por parte do Ministério da Saúde espanhol.