O secretário-geral da ONU exortou, esta quinta-feira, os líderes da União Europeia (UE) a não terem “dois pesos e duas medidas” sobre os conflitos em curso na Ucrânia e na Faixa de Gaza, pedindo que “se mantenham fiéis aos princípios”.

“O princípio básico do direito humanitário internacional é a proteção dos civis. Temos de nos manter fiéis aos princípios, tanto na Ucrânia como em Gaza, sem dois pesos e duas medidas”, declarou António Guterres, em Bruxelas.

Em declarações à comunicação social à chegada ao Conselho Europeu, que arranca esta quinta-feira na capital belga, marcado por uma tentativa de posição comum relativamente ao Médio Oriente dada a tragédia humanitária na Faixa de Gaza, o secretário-geral da ONU vincou ser necessário “um cessar-fogo”.

“Tal como condenámos os ataques de 7 de outubro e outras violações do direito internacional humanitário por parte do [grupo islamita palestiniano] Hamas, também condenámos o facto de estarmos a assistir a um número de vítimas civis em Gaza sem precedentes nos meus tempos de secretário-geral”, referiu António Guterres.

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Os chefes de Governo e de Estado dos 27 da UE, reunidos esta quinta e sexta-feira em Bruxelas, vão tentar acordar uma posição comum perante a tragédia humanitária em Gaza, estando sob pressão acrescida dado o risco iminente de fome naquele território controlado pelo Hamas e alvo de intensa ofensiva militar israelita desde outubro passado.

O Conselho Europeu arranca com uma reunião informal entre os líderes da UE e António Guterres, ocasião na qual o responsável irá relatar aos chefes de Governo e de Estado dos 27 do bloco comunitário os esforços da ONU para tentar prestar ajuda humanitária ao território palestiniano de Gaza.

Permitam-me que manifeste o meu profundo apreço pela excelente cooperação entre a UE e a ONU e pelo forte apoio da UE à ONU e ao multilateralismo”, adiantou António Guterres, em curtas declarações à imprensa e sem direito a perguntas.

Ao lado de Guterres, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, agradeceu a sua participação e “liderança” face aos atuais “desafios sérios”.

As conclusões mais recentes do Conselho Europeu sobre o Médio Oriente foram adotadas em outubro passado, dadas as impossibilidades de consenso nos últimos meses.

Esta é a última cimeira em que Portugal é representado pelo primeiro-ministro António Costa, estando prevista a transmissão de um vídeo de despedida e a entrega ao político português de uma estatueta alusiva ao edifício-sede do Conselho Europeu.