José Pedro Aguiar-Branco pediu “cooperação e lealdade” nas reuniões da conferência de líderes na estreia como presidente da Assembleia da República. Na primeira reunião, a IL defendeu a celebração do 25 de Novembro nos 50 anos do 25 de Abril, mas obteve apenas o apoio imediato do CDS e do Chega. De acordo com a ata revelada esta segunda-feira — que relata a reunião ocorrida antes da paragem pascal — o anunciado futuro líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, ficou em silêncio sobre a proposta liberal e Aguiar-Branco disse que não era o “momento adequado” para discutir o assunto. Foi ainda criado um grupo de trabalho para resolver divergências, que ainda subsistem, sobre onde se sentam os deputados na sala de plenário.

Aguiar-Branco enfrentou uma difícil eleição, tendo sido escolhido apenas à quarta ronda e após um acordo entre PS e PSD. Na primeira intervenção em conferência de líderes, o presidente da AR começou por fazer votos que essas “reuniões possam decorrer em ambiente de cooperação e lealdade para o bom desenvolvimento dos trabalhos.”

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Vasco Lourenço: “Acho bem comemorar 25 novembro, mas proposta da IL está carregada de más intenções”

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Como ainda há “questões pendentes”, o novo presidente da AR sugeriu a criação de um grupo de trabalho de distribui “para ajustamentos entre os grupos parlamentares do PS e do Livre” na distribuição de lugares do hemiciclo e também na divisão de salas no parlamento, em que PS, PSD e Chega ainda não se entenderam.

Apesar da criação do grupo de trabalho, a líder parlamentar da IL, Mariana Leitão, defendeu que os liberais devem ter “três lugares na segunda fila e três na terceira”, enquanto a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, disse “reforçou que o seu grupo parlamentar não queria ter um Deputado na segunda fila separado dos restantes pela coxia”.

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IL quer celebrar 25 de Novembro, só Chega e CDS apoiaram (para já)

Agora que há uma maioria de direita no hemiciclo, Mariana Leitão recuperou a discussão sobre a “inclusão da celebração do 25 de Novembro nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril”. E teve apoio imediato à sua direita. Paulo Núncio, que representava o grupo parlamentar do CDS, “reiterou o interesse do seu grupo parlamentar na comemoração da referida data no Parlamento com dignidade“. Também o líder do grupo parlamentar do Chega concordou.

A esquerda protestou, com a líder parlamentar do PCP, a dizer que “o que interessa comemorar é o 25 de Abril” e Fabian Figueiredo (líder do grupo parlamentar do BE) disse “que as duas datas – 25 de Abril e 25 de Novembro — não são comparáveis”. Já Pedro Delgado Alves, em representação do PS, lembrou que a celebração do 25 de Novembro “não tinha reunido consenso e que o calendário das comemorações estava definido”. O socialista admitiu “que se podia revisitar a questão, mas não neste momento ou neste contexto.”  Já Hugo Soares, que falou já depois de Aguiar-Branco, limitou-se a sugerir uma data para a entrega do programa de governo (entrega a 10, apreciação a 11 e 12).

Hugo Soares, secundado por Paula Santos, sinalizou ainda “a necessidade de, logo que conhecida a orgânica do Governo, se começar a analisar o elenco das comissões.”