A cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias, Catarina Martins, juntou-se a outros cabeças-de-lista de partidos de esquerda da União Europeia — incluindo o espanhol Podemos e o francês França Insubmissa — para exigir sanções contra Israel e o reconhecimento imediato da Palestina como estado independente, bem como para prometer que os eurodeputados da esquerda vão avançar com essa exigência com urgência no próximo Parlamento Europeu.

“Não hesitamos em prometer que, no próximo Parlamento Europeu, iremos propor a exigência clara de sanções contra o regime de Netanyahu e o reconhecimento inequívoco da Palestina como país independente”, lê-se num documento assinado por Catarina Martins e também por Irene Montero (Podemos, Espanha), Jonas Sjöstedt (Partido de Esquerda da Suécia), Li Andersson (Partido de Esquerda da Finlândia), Manon Aubry (França Insubmissa), Massimiliano Smeriglio (Aliança Verde e Esquerda, Itália), Per Clausen (Aliança Vermelha-Verde, Dinamarca) e Tania Mousel (A Esquerda, Luxemburgo).

“O mundo está a assistir a um brutal massacre genocida e à fome da população civil em Gaza”, diz o manifesto conhecido este sábado. “Trata-se de uma catástrofe humanitária provocada pelo homem, com mais de 36.000 vítimas, incluindo mais de 15.000 crianças. Uma campanha militar hedionda que também levou à morte de muitos reféns israelitas. ”

O documento acusa a União Europeia de ser “o maior mercado de exportação de Israel” e lembra que “a guerra de Netanyahu depende do seu acesso privilegiado e isento de impostos ao mercado único da UE”.

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“Sem isso, Israel não poderia manter a ocupação brutal dos palestinianos. A UE pode, assim, optar por desempenhar um papel decisivo para pôr termo à carnificina e criar uma paz duradoura tanto para os palestinianos como para os israelitas”, destaca o manifesto. “Para que isso aconteça, precisamos de algo fundamental: vontade política para agir — e isso é algo que nós temos.”

Os signatários deste manifesto lembram que, nos últimos anos, os seus partidos lutaram “por um cessar-fogo imediato e pela pressão máxima sobre Israel ao longo dos últimos meses”, tanto no Parlamento Europeu como nos respetivos parlamentos nacionais. E deixam a promessa: na próxima legislatura europeia, vão exigir sanções contra o regime de Netanyahu e o reconhecimento “inequívoco” da Palestina, algo que “um grande número de países da UE” e “a maioria dos países do mundo” já faz.

Os partidos lembram que, recentemente, “Irlanda, Espanha e Noruega anunciaram o reconhecimento da Palestina”, pelo que “mais países da UE” devem “seguir o exemplo”. Além do reconhecimento individual por parte dos vários países, também a UE “no seu conjunto” deve tomar a “decisão lógica de reconhecer a Palestina como um Estado, a fim de contribuir para uma solução de dois Estados, em que israelitas e palestinianos possam viver em paz lado a lado”.

Espanha, Noruega e Irlanda reconhecem Estado da Palestina a partir desta terça-feira

“Esta é a nossa promessa eleitoral europeia à Palestina: levantar em Bruxelas a exigência do reconhecimento da Palestina e de sanções contra Israel – e lutar por ela até que seja alcançada”, sintetizam os dirigentes partidários.

“Para nós, é evidente que a UE tem de defender os direitos humanos e o direito internacional — também na Palestina. Neste momento, o Governo israelita está literalmente a ser julgado por genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia. O mesmo tribunal que já exigiu o fim imediato da sangrenta ofensiva israelita contra Rafah”, lê-se no manifesto. “Entretanto, o Procurador-Geral do Tribunal Penal Internacional (TPI) exigiu que o Primeiro-Ministro israelita Netanyahu e o Ministro da Defesa do país fossem detidos e levados a julgamento por crimes de guerra, juntamente com três líderes do Hamas.”

Ao mesmo tempo, continua o documento, “a UE continua a exportar armas para Israel“, o que “simplesmente não está correto”.

“Os membros do Governo israelita que são, ou se suspeita que sejam, responsáveis por crimes de guerra têm de ser sancionados. O acordo de associação UE-Israel deve ser suspenso — de acordo com as suas disposições sobre o respeito pelos direitos humanos“, dizem ainda os candidatos dos vários partidos europeus de esquerda.

A candidata do Bloco de Esquerda às eleições europeias, Catarina Martins, esteve nos últimos dias em campanha eleitoral no norte do país, com passagens por Miranda do Douro, Porto, Viseu e Matosinhos. Este domingo, o partido organiza um comício-festa com o lema “Europa por ti” em Lisboa.