O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) Portugal inaugura esta quinta-feira um novo centro de acolhimento de emergência, em Vendas Novas, com capacidade para cerca de 120 pessoas, sobretudo famílias, e que pretende ser um espaço partilhado com a sociedade.

A inauguração acontece quando se assinala o Dia Mundial do Refugiado e, em declarações à Lusa, o diretor-geral do JRS Portugal adiantou que o edifício, que era um colégio da Ordem dos Salesianos, será destinado sobretudo a acolher famílias, com capacidade total entre 100 a 120 pessoas.

Segundo André Costa Jorge, a iniciativa, que junta a Diocese de Évora e a Câmara Municipal de Vendas Novas, “corresponde a um desafio anunciado pelo Papa Francisco” à Igreja Católica para que “os espaços que estão disponíveis e estão devolutos ou que não estão em uso, possam ser utilizados para respostas humanitárias”.

As obras demoraram cerca de dois anos e custaram perto de dois milhões de euros, financiadas em 75% por fundos comunitários, que passaram pela substituição do telhado ou colocação de painéis solares, além de ser um edifício que “é completamente verde” e não utiliza combustível fóssil.

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Segundo o diretor-geral do JRS Portugal, os quartos têm casa de banho interior e as cozinhas são “espaços pensados para as famílias”, de modo a serem respeitados os hábitos alimentares de cada pessoa, sendo uma opção que decorre da experiência que a organização teve noutros centros de acolhimento.

Tem um efeito psicológico muito bom em termos de equilíbrio das pessoas”, sublinhou André Costa Jorge.

O responsável adiantou que este centro de acolhimento foi pensado para ser um espaço de transição e de acolhimento de emergência, no qual as pessoas refugiadas permanecem “numa fase inicial da sua vida em Portugal”.

A partir daí a equipa técnica trabalhará no acompanhamento das pessoas, da sua estabilização, com apoio social, apoio psicológico, na construção de um projeto de vida“, explicou.

A fase seguinte, acrescentou, envolve as comunidades de hospitalidade, na qual um grupo de voluntários, que estão espalhados pelo país, ajuda na procura por uma habitação autónoma ou por um emprego, de acordo com o perfil de cada uma das pessoas.

“Para que a vida das pessoas [refugiadas] prossiga já fora do centro de acolhimento”, frisou Costa Jorge.

Segundo o responsável, “Portugal é um país que tem poucas estruturas de resposta de emergência”, situação que é visível pela “quantidade de pessoas que estão em situação precária”, seja em pensões, hotéis ou outras estruturas que “não estão adaptadas para esta realidade”.

Sobretudo não têm recursos humanos e técnicos e muitas vezes não estão pensados para situações de acolhimento”, apontou.

Razão pela qual, explicou, o JRS sentiu que “era importante” criar uma nova resposta de acolhimento que apoiasse o trabalho que a organização tem vindo a desenvolver nesta área.

André Costa Jorge disse que o centro está pronto para começar a receber os primeiros refugiados, faltando apenas a conclusão da aprovação do projeto de acolhimento, por parte do Estado português.

Por outro lado, referiu que é objetivo que o centro seja um espaço aberto à comunidade, tendo em conta que está inserido num espaço comunitário, próximo da paróquia, dos escuteiros e de uma universidade sénior.

A inauguração, que está marcada para as 10h30, conta com a presença, entre outros, do arcebispo de Évora, Francisco José Senra Coelho, e do secretário de Estado Adjunto da Presidência, Rui Costa Freitas, a quem cabe descerrar a placa da inauguração.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, irá enviar uma mensagem em vídeo.