As empresas com maior digitalização são mais produtivas, 43% acima das menos desenvolvidas nesta área, e pagam melhores salários, com valores 34% superiores às congéneres menos digitais, segundo um estudo da Fundação José Neves.

Na edição 2024 do “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”, o organismo, fundado e liderado pelo antigo presidente da Farfetch, concluiu que é “notório que a produtividade média aumenta com o nível de digitalização”, sendo que “relativamente a uma empresa de nível de digitalização ‘Baixo’, as empresas de nível ‘Médio’ apresentam uma produtividade anual 23,8% superior (mais 4.894 euros)”.

As empresas de nível elevado têm “uma produtividade 43% superior (mais 8.825 euros) relativamente às empresas com um nível ‘Baixo’, e 19% superior (mais 3.931 euros) às empresas com um nível de digitalização ‘Médio'”.

Paralelamente, segundo o estudo, “comparando as remunerações anuais médias e a produtividade média do trabalho para os três níveis de digitalização, conclui-se que, como seria de esperar, quanto maior a produtividade média das empresas, maior a remuneração média paga os trabalhadores“.

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Além disso, a remuneração média também aumenta com o nível de digitalização, “mesmo entre empresas com produtividades semelhantes”, salientou.

Assim, face “a um trabalhador numa empresa de nível ‘Baixo’, os trabalhadores em empresas de nível ‘Médio’ auferem uma remuneração mensal 16,6% superior (mais 1.523 euros por ano)”.

Já os trabalhadores “em empresas de nível ‘Elevado’ auferem, em média, um salário 34% superior (mais 3.120 euros por ano) relativamente aos de nível ‘Baixo’ e 14,9% superiores (mais 1.597 euros) face aos que estão em empresas com um nível ‘Médio'”, salientou.

As conclusões do estudo apontam ainda que “entre 2019 e 2023, os níveis de emprego e de participação no mercado de trabalho português recuperaram a trajetória de crescimento anterior à pandemia“, lê-se num comunicado, com as conclusões do trabalho.

Em 2023, segundo as conclusões, “a população empregada estava nos 4,9 milhões, quando era de 4,8 milhões em 2019 e 4,6 milhões em 2020”.

Neste período, “o mercado de trabalho recompôs-se e tornou-se mais qualificado”, com as alterações ligadas sobretudo ao “crescimento do peso de setores mais intensivos em conhecimento e tecnologia, com profissões qualificadas associadas à gestão e às TIC e associadas a tarefas mais administrativas, que ganharam peso no emprego nos últimos anos”.

O estudo alertou ainda que, em Portugal, “as mulheres e os trabalhadores com níveis de educação mais elevado são os grupos em que a IA [inteligência artificial] poderá ter um impacto maior”, sendo que “em ambos os casos, a percentagem de trabalhadores que apresentam uma exposição elevada à IA e cujas tarefas podem ser substituídas pela IA é superior”.