A família de Alain Delon, cuja morte foi anunciada no domingo pelos três filhos com quem mantinha uma disputa sobre a sua saúde, recusou cumprir um dos desejos expressados em vida pelo ator francês: eutanasiar o cão, hoje com 10 anos e sem problemas de saúde, para evitar que o animal de estimação sofra com a sua ausência.

A posição foi tomada depois de virem a público apelos de ativistas pelos direitos dos animais para que Loubo, um pastor belga malinois, não fosse “adormecido” e sepultado junto à casa do ator, em Loiret, na região centro de França. Alguns ativistas ofereceram-se mesmo para ajudar a procurar uma nova casa para o animal de estimação. A família de Delon acabaria por anunciar que o cão não será eutanasiado.

Morreu Alain Delon. Ator francês tinha 88 anos

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Segundo o The Guardian, a confirmação chegou pela Fundação Brigitte Bardot (Bardot era amiga de Delon e é uma defensora acérrima dos direitos dos animais), que atribuiu a informação a Anouchka, uma das filhas do ator. “Acabei de falar com Anouchka Delon ao telefone que me disse que Loubo faz parte da família e que vão ficar com ele. O cão não será eutanasiado”, garantiu um porta-voz da fundação. Anouchka Delon, no passado, publicou fotografias de Loubo no Instagram, a elogiar o animal e a agradecer-lhe por estar “ao lado” do seu dono.

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Uma das associações que apelou a que a vida do animal fosse poupada foi a SPA (Sociedade para a Proteção dos Animais). “Antes da sua morte, ele [Alain Delon] expressou o desejo de eutanasiar o seu cão. No entanto, a vida de um animal não deve ser condicionada pela de um humano. A SPA voluntaria-se para acolher o cão e encontrar-lhe uma família”, segundo uma publicação no X. Em França, a decisão final para que um animal de estimação seja eutanasiado cabe a um veterinário.

Delon tinha construído uma capela com os restos mortais de pelo menos 35 dos seus cães, no exterior da sua casa.

Loubo foi adotado por Delon de um canil, em 2014, e foi incluído no anúncio da morte, feito pelos três filhos no domingo. “Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (o seu cão) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida do seu pai. Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. (…) A família pede gentilmente que respeitem a sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, lê-se no comunicado divulgado.

Numa entrevista em 2018 ao Paris Match, Alain Delon tinha dito que Loubo era o seu “cão de fim de vida”. “Amo-o como a um filho. Já tive 50 cães na minha vida, mas tenho uma relação especial com este. Ele sente a minha falta quando não estou lá”, relatou. Delon acrescentou mesmo: “Se eu morrer antes dele, peço ao veterinário para nos levar juntos. Ele irá pô-lo a dormir nos meus braços. Prefiro isso a saber que ele vai deixar-se morrer na minha campa com tanto sofrimento”.