Mais de 200 republicanos publicaram esta segunda-feira uma carta aberta, em que apelam a todos os membros do partido que votem em Kamala Harris, não porque concordam com todas as suas propostas, mas porque a “alternativa é insustentável”.

A iniciativa surgiu em 2020, pela mão de membros das campanhas presidenciais dos republicanos George W. Bush, John McCain e Mitt Romney. Este ano, juntaram-se participantes da campanha de George H. W. Bush. Intitulada “Alumni de Bush, McCain e Romney por Harris“, a carta serve de aviso contra o “perigo” da reeleição de Trump.

Os republicanos apontam que em 2020 já tinham alertado que reeleger o republicano seria “um desastre para a nação”, alertas que foram confirmados quando “Trump incitou uma insurreição, aplaudindo uma multidão de maus perdedores e bajuladores”, numa referência aos motins do 6 de janeiro.

Republicanos afastaram-se de Trump e confirmaram a vitória de Biden depois de uma noite caótica

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Claro que temos muitos desentendimentos ideológicos honestos com a vice-presidente Harris e o Governador Walz. Isso é expectável. Contudo, a alternativa é insustentável”, afirmam os assinantes. “Outros quatro anos de liderança caótica de Donald Trump, desta vez focados em avançar os objetivos perigosos do Projeto 2025 vão prejudicar pessoas reais e enfraquecer as nossas instituições sagradas”, argumentam.

Para além de renovar as duras críticas a Donald Trump — juntando agora JD Vance como alvo –, acusam-no de ir virar as costas a aliados e colaborar com “ditadores como Vladimir Putin”. E deixam uma promessa histórica e inequívoca que não tinham feito antes: “vamos votar na vice-presidente Kamala Harris e no Governador Tim Walz em novembro”.

[Já saiu o quinto episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. Também pode ouvir aqui o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto episódios]

A carta conclui com um apelo direto aos “republicanos moderados e conservadores independentes”. Os assinantes afirmam que a vitória de Joe Biden em 2020 foi conseguida com o voto dos eleitores nos Estados-chave e apelam à repetição desta escolha. “Tomem uma decisão corajosa uma vez mais, de votar em líderes que procuram o consenso, não o caos; que vão trabalhar para unir, não dividir; que vão deixar o nosso país e as nossas crianças orgulhosas. Esses líderes são a vice-presidente Kamala Harris e o Governador Tim Walz”, rematam os assinantes.

A breve carta, publicada na segunda-feira no USA Today, foi assinada por 238 republicanos, incluindo os responsáveis das equipas de McCain e Bush Sr. no Senado e na Casa Branca, o responsável de campanha de Romney em 2012 e a conselheira de Bush Jr. e Mike Pence na Casa Branca. Esta última, Olivia Troye, foi uma das republicanas que subiu ao palco da Convenção Democrata para apoiar Harris.

As divisões dentro do partido republicano com a ascensão de Donald Trump já tinham surgido, mas ficaram claras nas últimas semanas nas convenções dos dois partidos. O palco democrata foi ocupado por uma longa lista de apoiantes de Harris, incluindo três dos quatro ex-Presidentes ainda vivos — só Carter não esteve presente, mas também expressou o seu apoio. Mas nenhum ex-Presidente republicano apareceu publicamente para expressar o seu apoio por Donald Trump.

Os últimos convertidos Obama foram a Chicago para falar mais sobre Trump do que sobre Kamala

Em resposta à carta, a campanha republicana enviou apenas um curto email aos jornalistas. Steven Cheung, porta-voz de Trump, afirmou que o grupo “preferia ver o país a arder do que o Presidente Trump a ser bem-sucedido no regresso à Casa Branca”, na nota citada pelo The Washington Post.