Cada remate ao lado parece um qualquer sinal de crise, cada passe falhado faz assumir que as coisas não estão bem, um simples virar de costas apenas para ir beber água pode tornar-se num caso. O Brasil é uma das equipas mais pressionada por adeptos e imprensa para chegar às vitórias, ainda para mais numa fase em que não é campeão mundial há duas décadas, mas não há nada como o universo Argentina, aquela seleção que é capaz de ter filas de centenas de metros de espera para entrar num treino onde já não há mais espaço e posterior conferência de imprensa e que é seguida por jornalistas muitas vezes em início de carreira que fazem tudo para estarem naquele momento mesmo que não tenham depois acreditação para os jogos. Em muitos momentos dos últimos anos, o maior adversário da Argentina foi a Argentina.
Esse foi o calcanhar de Aquiles do conjunto das Pampas na Rússia, em 2018, caindo com a França nos oitavos por culpa de uma primeira fase onde só garantiu o apuramento a quatro minutos do final do jogo com a Nigéria. Esse tem sido um dos maiores trabalhos de Lionel Scaloni enquanto técnico desde que assumiu o comando da equipa após a saída de Jorge Sampaoli (primeiro de forma interina, a partir do início de 2019 em definitivo), esvaziando o balão da pressão não só com resultados mas com um estilo mais europeízado de trabalho dentro e fora dos relvados que permitiu manter a identidade tipicamente sul-americana mas com eixos mais habituais aos que têm nas principais ligas de futebol.
Dentro desse contexto, há Lionel Messi. Aos 35 anos, o avançado que nunca ganhara nenhuma prova de seniores pela Argentina mas que desde 2021 conquistou a Copa América (e logo a ganhar na final ao rival Brasil) e a Finalíssima (3-0 frente à Itália) está a ter um arranque de temporada muito melhor do que na primeira época de PSG e conta nesta fase com uma ideia de jogo que permite a Scaloni contar com os melhores mas potenciando ao máximo aquilo que são as características do número 10. A fase de grupos será um teste complicado, até pelas filosofias distintas que vai encontrar entre Polónia, México e o outsider Arábia Saudita, mas os sucessos recentes e o atual momento colocam a Argentina entre as favoritas.
BI
- Ranking FIFA atual: 3.º
- Melhor ranking FIFA: 1.º (março de 2007, outubro de 2007 a junho de 2008, julho a outubro de 2015 e abril de 2016 a abril de 2017)
- Alcunha: La Albiceleste
- Presenças em fases finais: 18
- Última participação: 2018 (oitavos com França, 4-3)
- Melhor resultado: vencedor em 1978 (Países Baixos, 3-1 a.p.) e 1986 (RFA, 3-2)
- Qualificação: 2.º lugar do grupo da América do Sul (39 pontos em 17 jogos)
- O que seria um bom resultado? Chegar às meias/final
Jogos em 2022
- Qualificação para Mundial, 28/1: Chile (fora), 2-1 (V)
- Qualificação para Mundial, 1/2: Colômbia (casa), 1-0 (V)
- Qualificação para Mundial, 25/3: Venezuela (casa), 3-0 (V)
- Qualificação para Mundial, 30/3: Equador (fora), 1-1 (E)
- Final da Finalíssima, 1/6: Itália (neutro), 3-0 (V)
- Jogo de preparação, 5/6: Estónia (neutro), 5-0 (V)
- Jogo de preparação, 24/9: Honduras (neutro), 3-0 (V)
- Jogo de preparação, 29/9: Jamaica (neutro), 3-0 (V)
- Jogo de preparação, 16/11: EAU
O onze
- 4x3x3: Emiliano Martínez; Molina, Cristian Romero, Otamendi, Marcos Acuña; Leandro Paredes, Rodrigo de Paul e Lo Celso; Di María, Messi e Lautaro Martínez
O treinador
- Lionel Scaloni (argentino, 44 anos, desde agosto de 2018)
- Outros clubes: Sevilha (adjunto) e Argentina (adjunto)
O craque
- Lionel Messi (35 anos, avançado do PSG)
- Outros clubes: Barcelona
A revelação
- Enzo Fernández (21 anos, médio do Benfica)
- Outros clubes: River Plate e Defensa y Justicia
O mais internacional e o maior goleador
- Lionel Messi (164 internacionalizações) e Lionel Messi (90 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Emiliano Martínez (Aston Villa), Geronimo Rulli (Villarreal) e Franco Armani (River Plate)
- Defesas (9): Nahuel Molina (Atl. Madrid). Gonzalo Montiel (Sevilha), Cristian Romero (Tottenham), Germán Pezzella (Betis), Nicolás Otamendi (Benfica), Lisandro Martínez (Manchester United), Marcos Acuña (Sevilla), Nicolás Tagliafico (Lyon) e Juan Foyth (Villarreal)
- Médios (7): Rodrigo De Paul (Atl. Madrid), Leandro Paredes (Juventus), Alexis Mac Allister (Brighton), Guido Rodríguez (Betis), Papu Gómez (Sevilha), Enzo Fernández (Benfica) e Exequiel Palacios (Bayer Leverkusen)
- Avançados (7): Ángel Di María (Juventus), Lautaro Martínez (Inter), Julián Álvarez (Manchester City), Paulo Dybala (Roma), Nicolás González (Fiorentina), Joaquín Correa (Inter) e Lionel Messi (PSG)
O local do estágio
- Qatar University Hostel 1, em Doha (treinos: Qatar University Training Site 3)
A antevisão
A ligação a Portugal
A Argentina é uma das formações com maior ligação a Portugal, ou por passagens de jogadores que estão nas melhores ligas europeias, ou pelos elementos que ainda agora jogam na Primeira Liga. Otamendi e Enzo Fernández, jogadores do Benfica, são aqueles que ainda se mantêm por cá (sendo que antes de jogar no Manchester City o central passara pelo FC Porto), mas há também os casos de Marcos Acuña, antigo lateral/ala que passou pelo Sporting, e Ángel Di María, antigo jogador dos encarnados.