Índice

    Índice

Durante os primeiros quatro meses em que decorreu a investigação ao atropelamento na A6, com o carro onde seguia o ministro da Administração Interna, a GNR ouviu todas as testemunhas que se encontravam na zona do quilómetro 77 antes, durante e depois do acidente — mas nunca ouviu Eduardo Cabrita. Só em outubro, quando chegou uma nova magistrada ao processo, é que o Ministério Público assinala o facto de que faltava ainda ouvir o governante, que seguia na comitiva, no banco de trás do carro que atropelou mortalmente Nuno Silva, em junho.

“Verifica-se que se encontram inquiridos todos aqueles que se encontravam no local onde ocorreu o acidente de viação, exceto Sua Excelência o Ministro da Administração Interna”, lê-se no despacho de 12 de outubro de 2021, assinado pela procuradora Catarina Silva, que substituiu no processo o magistrado Alexandre Gomes Capela.

Para Catarina Silva, era “pertinente” ouvir Eduardo Cabrita, uma vez que o ministro da Administração Interna (MAI) também seguia dentro do carro que vitimou um trabalhador na A6. A magistrada deu conhecimento dessa intenção ao superior, o coordenador do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, que concordou. A resposta, por escrito, seria enviada do gabinete de Cabrita à Procuradora Geral da República, Lucília Gago, a 2 de novembro, com alguns pontos coincidentes com os depoimentos já prestados (como pode ler nas perguntas que se seguem). Enquanto o motorista, oficial de ligação da GNR ao MAI, assessores e seguranças foram ouvidos logo em junho, Cabrita nunca foi interpelado. O ministro só falaria ao processo quase cinco meses depois do acidente, e cerca de um mês antes de o despacho de acusação contra o seu motorista ser proferido.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.